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Politica Brasil
Quinta - 08 de Dezembro de 2005 às 08:12
Por: João Carlos Caldeira

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Diz a sabedoria popular que todo pai é babão, fica meio abobalhado quando do nascimento do 1º filho; são todos iguais, só muda o endereço, portanto, não serei eu a contrariar a regra.

Minha primeira filha nasceu ha poucos dias e ainda estamos na fase da adaptação: ela se adapta a nossa falta de experiência e completo despreparo e nós adaptamos a sua primeira fase: chora-mama-dorme-troca-fraldas.

Por que será que quanto mais conhecimentos (teóricos), quanto mais idade e mais desejo de ter filhos, somos mais medrosos, incapazes e despreparados para uma tarefa tão simples, que é cuidar de uma criança?

Temos uma capacidade absurda de criar problemas onde não existe; de inventar medos onde só deveria existir alegria; de compreender a política, os problemas do Brasil e do mundo, mas não sermos capazes de entender um choro de um bebê inocente e feliz em sua comunicação, pra nós, primitiva.

Nesta semana, eu e minha mulher saímos de casa pela primeira vez com nossa filha (que completou 15 dias), para tomar a primeira dose de algumas vacinas e para fazer o teste do pezinho e de audição.

Na vacinação, apesar do sofrimento de ver as agulhas penetrando no frágil e delicado braço do recém nascido, foi tudo bem. Uma enfermeira que trabalha a mais de 20 anos no Hospital Júlio Muller e nos postos de saúde de Cuiabá nos atendeu com profissionalismo e atenção.

A saia justa foi no laboratório, para realização dos exames. Confesso que como pai de primeira viagem, fiquei impressionado com a ¨tortura¨ realizada no teste do pezinho (de extrema importância para diagnosticar uma série de doenças na criança).

Através de um pequeno furo na sola do pé do bebê, é coletado uma grande amostra de sangue. Numa cartela com vários espaços em branco, o sangue que escorre do pé deve preencher cada um, uns dez no total. Enquanto isso a criança se esgoela de tanto chorar.

O pior ainda estaria por vir! Enquanto minha mulher foi resolver uma questão burocrática no laboratório, eu, o pai, fui até a sala de uma fonoaudióloga para fazer o teste de audição. O teste só pode ser realizado com a criança dormindo ou no mínimo calma e relaxada, caso contrário não se obtém êxito.

Pois bem, lá estava eu com minha filha no colo, que resolveu acordar justamente na hora do exame e não parava de chorar. Pensei comigo: - Não posso passar essa vergonha na frente da profissional, vai achar que não sei acalmar minha filha, ou que só a mãe resolve.

Após alguns minutos de sofrimento, de palavras de carinho, colo, balanço e todas as artimanhas que um pai é capaz de fazer, parti para o ultimo recurso que me restava naquela inglória batalha: a Funchicória que havia trazido escondido na sacola.

Não tive dúvidas, disfarçadamente me virei de costas para a atendente e sutilmente mergulhei a chupeta no pequeno, porém milagroso, frasco de Funchicória. No mesmo minuto, estava eu triunfante e orgulhoso como pai: minha filha não só parou de chorar como se acalmou e adormeceu durante todo o exame.

Senti-me poderoso, com o ego nas alturas, pois havia transformado um momento de estresse numa oportunidade de me afirmar como um super pai, graças à maravilha da medicina homeopática.

Como se naquele pequeno frasco de Funchicória, estivesse todo o meu amor e minha capacidade de cuidar de uma criança meiga e indefesa.

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista e professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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