Presidente da Coteminas nega tentativa de evitar CPI
Gomes, que é filho do vice-presidente José Alencar, se apresentou espontaneamente ao órgão para entregar ao diretor-geral, Paulo Lacerda, uma nota de esclarecimento sobre o pagamento de R$ 1 milhão registrado em nome do PT e as notas fiscais das operações de venda de camisetas ao partido, feita à época da campanha presidencial de 2002.
Em depoimento prestado a pedido de Lacerda, o empresário explicou que a Coteminas teria recebido uma encomenda do PT para o faturamento de 2,75 milhões de camisetas por meio de 50 notas fiscais, faturadas entre 9 de setembro e 18 de outubro de 2004.
"Cada uma dessas notas fiscais foi desdobrada em duas duplicatas, com vencimentos a 60 e 90 dias. Portanto, os vencimentos da dívida originalmente contraída pelo fornecimento das camisetas foi no montante total R$ 11.031 milhões", disse.
Segundo ele, o pagamento da dívida - inicialmente previsto para novembro e dezembro de 2004 e janeiro de 2005 - foi prorrogado a pedido do PT, em novembro do ano passado. "O partido solicitou e nós concordamos em prorrogar os vencimentos. Alteramos o pagamento para os meses de março, abril e maio, sempre no dia 15 de cada mês", disse Gomes, ao informar, em seguida, que apenas no dia 17 de maio o PT pagou uma parcela da dívida, no valor de R$ 1 milhão. "Temos cópias de todas as notas fiscais, dos recibos de entrega das mercadorias, dos livros contábeis da Coteminas e das cartas de correspondências trocadas entre a Coteminas e o PT", acrescentou.
De acordo com o empresário, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, participou das negociações que previam prorrogação da dívida. "A carta encaminhada à Coteminas em que o PT solicita a prorrogação daqueles vencimentos originais, antes das 100 duplicatas, que eram de novembro de 2004 a janeiro de 2005, é uma carta assinada por ele (Delúbio)".
Gomes negou que tenha feito empréstimos ao PT e disse que o prazo dado ao partido para o pagamento da dívida é normal. "Somos uma empresa industrial. Vendemos a prazo para todo mundo", justificou. Ele afirmou que a Coteminas "tem segurança" que vai receber o restante do dinheiro, "até porque, todos os dirigentes do partido têm afirmado que devem e vão pagar".
O empresário disse ainda que José Alencar, afastado da administração da Coteminas desde dezembro de 2002, não sabia da operação. E afirmou duvidar que Delúbio tenha querido comprometer ou atingir o vice-presidente. "Eu não sei nem se ele (Delúbio) sabia o que estava fazendo. Tanto que ontem ele afirmou que era dinheiro registrado e depois desafirmou. Ele talvez nem soubesse o que estava acontecendo", avaliou Gomes, que, ao deixar a sede da PF se dirigiu ao Congresso Nacional.
Comentários