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Politica Brasil
Domingo - 04 de Dezembro de 2005 às 09:50
Por: Lígia Tiemi Saito

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Considerado o "trator" do governo Blairo Maggi, o secretário-chefe da Casa Civil, Luiz Antônio Pagot (PPS), deixará o staff em 31 de janeiro de 2006 para se dedicar integralmente à campanha de reeleição do chefe do Palácio Paiaguás. Descartando totalmente a hipótese de se candidatar, o tesoureiro do diretório avisa que a sigla terá restrições orçamentárias que dificultarão até mesmo a locomoção da equipe durante o período eleitoral. Pagot adianta que Maggi não irá comprometer a gestão por conta das eleições e que não irá fazer campanha na linha da politicagem. Mais um vez ele descarta a possibilidade de reduzir impostos da energia elétrica e telefonia, mesmo reconhecendo que isso será utilizado como argumento da oposição. "Temos credibilidade suficiente para explicar essa situação". Pagot continua convicto da tese de que cada partido do arco de alianças deve ter um candidato ao Senado e prevê dificuldades em formar acordo com PL, PTB e PMDB por conta das proximidades de tais siglas com o governo Lula (PT). Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida A Gazeta por Pagot.

A Gazeta - No ano que vem o governo passará a ser mais político do que técnico?

Luiz Antônio Pagot - O governador Blairo Maggi tem adotado um novo modelo de gestão para o Estado. Ele não pretende comprometer esse modelo por causa das eleições. De maneira nenhuma vai trabalhar na linha de politicagem. Obviamente vai ser o ano que vamos fazer a boa política, vamos trabalhar muito dentro da formação de um arco da aliança. Estamos desenvolvendo uma série de pesquisas para avaliar o que o povo almeja para os próximos anos. A partir desses estudos vamos assumir compromissos. Esse vai ser nosso discurso de palanque. De maneira nenhuma por causa da política nós vamos comprometer a boa administração.

A Gazeta - A redução de impostos então está completamente descartada?

Pagot - Tínhamos compromisso firmado no ano de 2002 e nesse compromisso o governador faria uma redução de impostos da carga tributária da energia elétrica e telecomunicações. Mas houve uma falha da assessoria do governador ao formatar a agenda MT Mais Forte, que desconhecia que já existia um programa de redução tarifária. Nós tínhamos cerca de 100 mil contribuintes que eram isentos de ICMS. Hoje são 200, 204 mil isentos. E para os demais existe uma proporcionalidade de cobrança que vai até a alíquota de 30%. De um modo geral, o ICMS da energia dá uma carga tributária média em torno de 17%, equivalente a outros Estados. Obviamente nós vamos ter contra nós no palanque essa argumentação. Os contra vão dizer "olha você prometeu mas não fez". Mas nós temos credibilidade suficiente para explicar essa situação.

A Gazeta - O governo tem sido criticado por não abrir espaço a aliados. Na reta final, isso vai mudar? Serão abertos espaços para possíveis aliados, como PP, PL e PMDB?

Pagot - Para os aliados, principalmente os de primeira hora, todos têm espaço. Esse governo administra junto com o PFL, PP e PPS. Esses partidos nos auxiliam na administração, participam com cargos de secretários, adjuntos, superintendentes, diretores etc. Para os novos aliados se discute uma composição. O governo vai abrir espaço provavelmente pro PV, PDT. O PL e o PTB ainda estamos conversando. As conversas foram esporádicas. Nesse momento nós trabalhamos com a hipótese da verticalização. O nosso arco de aliança provavelmente será o PPS, PV, PDT, PSB, PP e alguns outros partidos que não vão ter candidaturas à Presidência. O PL, por exemplo, está vinculado ao PT, o próprio PTB está vinculado ao PT. Não se sabe se eles vão estar com possibilidade de fazer aliança com o Estado. Acredito que em mais algumas semanas fica definida essa questão e aí poderemos afundar essa questão do arco da aliança.

A Gazeta - Na iminência da queda da verticalização, haveria problema em coligar com o PMDB por causa das críticas que o ex-senador Carlos Bezerra tem feito ao governador?

Pagot - Nós temos um excelente entendimento com o PMDB no Estado. O PMDB tem quadros importantes, prefeitos importantes, tem estado conosco participando da administração. Temos feito investimentos sem discriminação e muitas prefeituras do PMDB foram beneficiadas pelos convênios com o governo do Estado. Não é porque existe alguma discordância que a gente não poderá fechar acordo. Agora, o PMDB está muito vinculado ao PT. PMDB, PT e PL hoje estão administrando praticamente o Brasil. Acredito que até 2006 eles não estarão desvinculados. Agora nós temos um excelente entendimento com o Silval Barbosa, presidente da Assembléia Legislativa, e gostaríamos que o PMDB estivesse marchando conosco.

A Gazeta - Em relação a candidatura ao Senado. Quem seriam os reservas na hipótese do Pedro Henry ser cassado?

Pagot - Particularmente tenho uma opinião. Os partidos que se acreditem fortalecidos para a próxima eleição devem lançar um candidato ao senado. Mesmo dentro do arco da aliança, acredito que tanto PP, quanto PFL e PPS têm condições de lançar um candidato. Seria uma forma da população ter uma opção. Mas o próprio governador é contra essa idéia. Acha que o arco da aliança tem que ter um só candidato. Mas isso é coisa para ser discutida dentro do arco. O PPS tem o Percival Muniz, Roberto França, o PDT tem o Otaviano Pivetta, Eraí Maggi, o PFL tem o Jaime Campos e o próprio Gilberto Goellner. O PP tem Pedro Henry e outros quadros que podem ser candidatos. Se vai permanecer a minha tese ou não, isso vai ser discutido no começo do ano. Muitos catalogaram minha idéia como esdrúxula e agora muita gente já está apoiando essa tese. Acho que isso será possível sim.

A Gazeta - Haverá problema em ter no palanque pessoas supostamente ligadas com corrupção?

Pagot - Existe alguma condenação? Se fala muito de determinadas pessoas estarem envolvidas em esquema de corrupção, mas quando vamos verificar junto a justiça, vemos que não tem condenação. Não costumo trabalhar com expectativa vã e com condenações prévias. Temos muitos aliados em todos os partidos e muitos deles respondem algumas questões na justiça civil ou foram alcançados politicamente com acusações. Mas, comprovadamente, o que tem contra essas pessoas? A partir do momento que houver uma condenação, esse assunto passará a ser tratado de forma diferente. Se houver a condenação, vamos trabalhar com essa questão. Se não houver, o sujeito está livre pra ser candidato e, se ele está livre, vai estar no nosso palanque e ser respeitado como aliado. Nós temos respeitado nossos aliados.

A Gazeta - O que o governo deixou de fazer nesses três anos que vai priorizar nessa reta final de mandato?

Pagot - Temos que aprimorar muito a questão administrativa. Não é fácil modificar estruturas que vêm há anos com aquela metodologia. Penso que avançamos, mas temos que avançar mais. Temos que ser mais efetivos, fazer gestão virtuosa. Nos próximos quatro anos vamos buscar essa gestão de muita qualidade, efetivamente prestando bom serviço à população, principalmente na área de saúde, segurança pública e educação. Vamos continuar trabalhando com os programas ligados ao desenvolvimento. Temos que continuar investindo em infra-estrutura porque ela puxa investimentos. Temos que continuar com um olho no desenvolvimento do Estado e o outro na justiça social.

A Gazeta - Haverá mais propagandas do governo em 2006 do que nos anos anteriores?

Pagot - Somos até limitados para isso. Você tem regras de como gastar em publicidade. O Estado tem aplicado muito pouco em publicidade, temos concentrado muito gastos efetivamente na reestruturação da rede da malha rodoviária estadual, de todas nossas edificações da rede pública. Nós evoluímos, mas não o suficiente para atender a todo Estado. Mas acredito que já evoluímos bastante e precisamos pensar em como planejar em 2007 a 2010. Diria que já fizemos muito, mas temos muito a fazer. Nós sabemos exatamente onde pretendemos chegar e nossa responsabilidade nesse contexto.

A Gazeta - O sr. acredita que Maggi vencerá no primeiro turno?

Pagot - Toda eleição tem histórico. É difícil, tem de ser trabalhada com muita humildade e perseverança. Tem que discutir com o povo, principalmente um candidato à reeleição. Primeiro o governador tem que continuar administrando bem o Estado, exercitando políticas públicas, continuar com as tarefas que lhe são delegadas. A questão das eleições nós temos que preparar o arco para dar o apoio necessário ao governador para que ele seja um candidato forte. Vamos ter que preparar muito bem essa estrutura de campanha. Vai ser um ano bastante difícil, não vamos ter determinados patrocínios. Na época da eleição do governador tivemos um patrocínio muito positivo do setor do agronegócio. A gente já sabe que nesse próximo mandato vai ter mais restrições.

A Gazeta - O senhor calcula que vai trabalhar a campanha com quanto?

Pagot - Não posso precisar porque vai depender muito do transcorrer de 2006, da comercialização da safra, de como vai estar a pecuária. Temos encaminhadas algumas conversas com companheiros que normalmente apoiam o governo e eles estão sinalizando para restrições orçamentárias. Os materiais também estão muito caros e nós não temos as regras definidas. Você não pode nem quantificar quanto vai custar uma campanha. Tenho certeza de uma coisa, que vai ser uma campanha paupérrima. Vai ser campanha de muita conversa, de muito gasto de sola de sapato, até restrições em termo de voar, de deslocamento, nós vamos ter. Não vai ser fácil a organização de uma campanha em um Estado tão grande como Mato Grosso com muito pouco dinheiro.




Fonte: A Gazeta

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