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Internacional
Quinta - 01 de Dezembro de 2005 às 13:55

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Mudanças nas correntes do Oceano Atlântico poderão esfriar o clima na Europa dentro de poucas décadas, segundo cientistas.

Pesquisadores do Centro Nacional de Oceanografia da Grã-Bretanha afirmam que as correntes derivadas da Corrente Marítima do Golfo estão enfraquecendo, o que leva menos calor para o hemisfério norte.

As conclusões dos cientistas, publicadas na revista científica Nature, são baseadas em 50 anos de observações do Oceano Atlântico.

Os pesquisadores afirmam que os líderes políticos europeus precisam se preparar para um futuro que pode ser mais frio.

As descobertas vêm de um projeto de pesquisa britânico chamado Rapid, que visa reunir provas relativas à uma possível mudança climática rápida na Europa.

Calor

A chave do problema é a Corrente Marítima do Golfo. Depois que ela se origina no Caribe, se divide em duas, uma parte indo para o nordeste da Europa e outra circulando de volta pelo Atlântico.

A parte da corrente que se dirige para o nordeste da Europa vai liberando calor para a atmosfera, o que esquenta o continente europeu.

"É como um radiador, dando seu calor para a atmosfera", disse Harru Bryden, do Centro Nacional de Oceanografia (NOC), na Universidade de Southampton, na Grã-Bretanha.

"O calor que libera é aproximadamente o equivalente ao produzido por um milhão de usinas", acrescentou.

No momento em que alcança o norte, na região da Groenlândia e Islândia, a água esfriou tanto que vai para o fundo do oceano.

A água mais fria então vai para o sul, formando a corrente de retorno, numa espécie de zona condutora. O ciclo completo compreende a água quente indo para o norte, na superfície do oceano, e a água fria voltando, centenas ou até milhares de metros debaixo d'água.

Os cientistas britânicos, baseados na Flórida, Estados Unidos, monitoraram a corrente que ia para o norte, e descobriram que esta permaneceu constante durante cerca de 50 anos.

Os pesquisadores do NOC se concentraram então na água mais fria, indo para o sul, e descobriram que, nos últimos 50 anos, estas correntes mudaram.

"Vimos um declínio de 30% nestas correntes de água fria no fundo do oceano. E o resumo é que, em 2004, temos uma corrente circulante maior (no Atlântico tropical) e que muda menos de direção", disse Harry Briden.

E menos calor chega à costa européia.

Os pesquisadores do NOC admitiram que ainda não tem todas as provas e, mesmo se a tendência for confirmada por mais informações, a causa pode ser a variação natural e não a mudança de temperatura causada por atividades humanas.

"A questão da variabilidade é importante e ainda não dominamos isso. Modelos podem fazer previsões, mas ainda temos que ir a campo e medir isso", disse Bryden.

"Se esta tendência persistir veremos a temperatura mudar nas latitudes do norte, talvez em um grau Celsius nas próximas décadas", acrescentou.

As equipes do NOC, do projeto Rapid, pretendem continuar com suas medições nos próximos anos.




Fonte: BBC Brasil

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