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Nacional
Quinta - 01 de Dezembro de 2005 às 08:22

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Brasília - Visivelmente abatido, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) deixou o plenário sem dar declarações após a cassação de José Dirceu. Aldo - que no início da sessão, reagiu com vigor quando o deputado gaúcho Alceu Colares disse que ele não poderia presidir a votação por ter sido testemunha de defesa de Dirceu no Conselho de Ética - sequer leu o texto da resolução declarando a perda de mandato do petista, como é praxe nos processos de cassação.

Poucos parlamentares ainda estavam no plenário quando foi anunciada a derrota de José Dirceu, mas quase todos os líderes fizeram questão de assistir à contagem até o fim. "O processo foi justo e em nenhum momento tomamos posição partidária. Os deputados se convenceram que houve um processo de corrupção e que o deputado José Dirceu se envolveu nele. Mas o grande culpado ainda não foi julgado, é o presidente Lula. José Dirceu não é um negocista, não veio aqui para enriquecer. Mas cometeu erros políticos, como o de prestar serviço a Lula", disse o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Para o líder do PSDB, o sentimento geral era de constrangimento, apesar de o tucano considerar a cassação "necessária para o País, para a Câmara e para o futuro das instituições". Outro tucano, Jutahy Junior (BA), considerou que a Câmara fez justiça. "O deputado merecia ser cassado. O processo político que ele conduziu era desrespeitoso de forma absoluta. Se buscou apoio político com a compra de deputados", afirmou. "Dirceu é o segundo maior responsável, o primeiro vamos resolver nas urnas", completou Jutahy, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cabisbaixos

Os petistas acompanharam cabisbaixos o fim da sessão. Para o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), o julgamento foi orientado por um clima passional. "A Câmara atendeu a expectativa de satisfação da sociedade, mas as provas não existiam. Na prática, ganhou a decisão mais emocional em detrimento do estado de direito", lamentou. Na avaliação de Cardozo, a crise política não termina com a punição de Dirceu. "A cassação é o discurso de Jorge Bornhausen colocado em prática. Ou seja, ´acabar com essa raça do PT´ mesmo sem provas e começa com a cassação de Dirceu", disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS), referindo-se ao presidente do PFL.

O líder do PTB, José Múcio (PE), lamentou a perda de mandato de Dirceu. "A cassação tira um político com uma história como a de Dirceu da vida pública. Se estabeleceram no Legislativo processos que prescindem de provas", afirmou Múcio.

Para o pefelista Pauderney Avelino (AM), o resultado foi "um alívio" para a Câmara e para Dirceu. "Fizemos o que tinha que ser feito e o que a população brasileira queria, sob pena de os deputados passarem a levar bengaladas", disse Pauderney. Outro pefelista, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) disse que Dirceu foi punido "pelo conjunto da obra: por sua participação no governo, como chefe da Casa Civil, no PT e tudo que aconteceu sob a égide dele." Para ACM Neto, é uma prova de que a Câmara "não será conivente com ninguém".

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), disse que prevaleceu o espírito de preservação da Casa, superando a história política de Dirceu. Ele afirmou que a cassação "aliviou a pressão" sobre a Câmara, que pode, agora, partir para outra pauta de votações.

Absolvido no Conselho de Ética por falta de provas, o líder do PL, Sandro Mabel (GO), considerou que a cassação sem comprovação das acusações "fragiliza o Parlamentor". Mabel, apesar de ter tido um desfecho favorável, disse saber exatamente as dificuldades pelas quais Dirceu passou. "A gente sente que está com a cabeça na guilhotina, a vida toda da gente passa pela cabeça, na hora da votação no plenário. Tenho certeza que isso aconteceu com ele", disse Mabel.




Fonte: Agência Estado

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