Garotinho viaja pelo país sem deixar governo

Secretário de Governo e Coordenação do Estado do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho passou 15 dos últimos 30 dias em viagens dedicadas à campanha pela indicação de seu nome como pré-candidato do PMDB à Presidência da República, na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para viajar pelo país, Garotinho não se demitiu do cargo no secretariado do governo de sua mulher, Rosinha Matheus (PMDB). A lei estadual 4.057, de 2002, equipara o salário de um secretário ao dos deputados estaduais. Garotinho recebe, por mês, R$ 9.540.

Ao se inscrever em Brasília, em 19 de outubro, como candidato na eleição interna do partido, em março, Garotinho anunciou a intenção de percorrer o país na tentativa de convencer os 24 mil peemedebistas com direito a voto de que é o candidato ideal para enfrentar petistas e tucanos. "Vou apertar a mão de cada um dos convencionais", disse ele.

Garotinho, 45, anunciou, então, sua intenção de deixar a secretaria para se dedicar em tempo integral à campanha. Não fixou uma data, pois disse que precisaria antes conversar com a governadora.

As viagens pelo país começaram em 28 de outubro, quando Garotinho foi para Minas Gerais. Esteve em Uberlândia, onde fez palestra para militantes e políticos do PMDB na região. Depois, seguiu para as cidades de Ipatinga e Caratinga. À noite, viajou para Vitória da Conquista, na Bahia.

Ele só voltou ao Rio em 1º de novembro, após ir a Ilhéus, Itabuna, Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Eunápolis, na Bahia; Recife e Cabo de São Agostinho, em Pernambuco; João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba; Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte.

As viagens recomeçaram no dia 4 (sexta-feira), quando, acompanhado de assessores, Garotinho visitou Campo Grande (MS), onde se reuniu com parlamentares.

Na segunda-feira seguinte (dia 7), iniciou um circuito pelo interior de São Paulo. Em dois dias, esteve em Araraquara, São José do rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Bauru e Campinas.

Desde então, já esteve em Jataí e Anápolis (Goiás), Brasília, São Paulo, Montes Claros e Araçuaí (Minas Gerais) e Resende e Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

Outro lado

O secretário de Comunicação Social do Estado do Rio, Ricardo Bruno, disse à Folha que, embora seja "inegável" que o ex-governador Anthony Garotinho passe parte de seu tempo em viagens pelo país, ele "está cumprindo com todas as suas obrigações na Secretaria de Governo".

"Por exemplo: recentemente ele se reuniu com todas as cooperativas de van. Hoje [sexta-feira] fez três reuniões. Ontem, passou o dia inteiro no palácio [Guanabara, sede do governo fluminense]." A saída de Garotinho do secretariado deverá ocorrer no final de dezembro. Bruno disse que a governadora já decidiu que todo secretário que pretende concorrer nas eleições deixará o governo no mês que vem.

Campanha

Anthony Garotinho participou ontem de convenção na Câmara Municipal do Rio para a eleição da executiva municipal do partido. Em discurso de pré-candidato a presidente, disse que o carro-chefe de sua campanha será a redução da taxa básica de juros a um patamar que atraia capital produtivo, mas não definiu uma meta.

Com relação à sua aceitação pelos integrantes do PMDB, Garotinho disse que busca a maioria e não a unanimidade.

Licença médica

A governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), entra hoje em licença médica por 15 dias. Por meio de sua assessoria, alegou sobrecarga de trabalho, atendendo a determinação do médico-chefe do Palácio Laranjeiras, Enéas Cota.

O ex-governador Anthony Garotinho, pré-candidato à Presidência da República pelo PMDB e marido de Rosinha, afirmou que a governadora estava trabalhando cerca de 14 horas por dia, o que baixou sua imunidade e a fez contrair uma virose. Rosinha retorna ao trabalho no próximo dia 13.

No começo do ano, a governadora passou por uma cirurgia para a retirada de uma hérnia abdominal. Em dezembro de 2004, ficou licenciada duas semanas por ordens médicas.