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Cultura
Quarta - 16 de Novembro de 2005 às 15:47
Por: Jotabê Medeiros

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São Paulo - Separadas por 11 anos, duas intervenções artísticas mostram que, no mundo das idéias visuais, o novo é muitas vezes tão simples quanto um ovo.

Em dezembro de 1994, o artista plástico, publicitário e empresário Luis Gonzaga Rocha Leite, cansado do descaso para com a poluição das águas em São Paulo, imaginou um ousado ato performático. Montou equipes de ação e foi à luta nas primeiras horas da manhã, distribuindo gigantescos “ovos fritos” flutuantes pelos dois rios fétidos da cidade, o Pinheiros e o Tietê, e mais alguns pelo Lago do Ibirapuera.

Sua intenção era chamar a atenção para o descaso com os rios, a água, o meio-ambiente da grande cidade. Os ovos fritos eram feitos de material plástico inflável - na época, um deles foi até “fisgado” com uma vara por um sem-teto, que levou o ovo para casa para fazer um colchão improvisado. Gonzaga foi da geração de Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Na segunda-feira, passados quase 11 anos redondos, o artista plástico australiano Jeremy Parnell parou a praia de Tamarama, em Sydney, espalhando pelas areias ovos de fibra de vidro e epóxi, na 9.ª edição do evento anual Sculpture by the Sea - um comentário de Parnell sobre a obsessão das pessoas de fritarem a si mesmas no sol da praia. A coincidência parece obviamente só coincidência, algo casual, uma mesma idéia que ocorre a dois artistas em duas épocas distintas.

"Se nós não fomos os primeiros a colocar o ovo em pé, pelo menos fomos os primeiros a colocar o ovo deitado", divertiu-se ontem o brasileiro Luis Gonzaga, que é antes de tudo um grande gozador. Ele retirou-se há muitos anos da vida nas galerias e grandes mostras, e vive um auto-exílio num empreendimento para crianças, o Sítio do Carroção, em Tatuí (interior de SP).





Fonte: Agência Estado

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