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Nacional
Domingo - 13 de Novembro de 2005 às 15:15

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O Partido dos Trabalhadores (PT) inicia neste domingo uma campanha nacional para arrecadar fundos entre os militantes. A "Campanha Militante de Arrecadação", anunciada na última sexta-feira pelo novo presidente da legenda, Ricardo Berzoini, fixou como meta a captação de R$ 13 milhões em um mês para salvar o partido das dificuldades financeiras.

Segundo as contas de Berzoini, se cada uma das 13 mil lideranças do partido em todo o país conseguir arrecadar R$ 1 mil entre os militantes, o PT poderá começar a pagar a dívida de R$ 52 milhões deixada pela antiga administração.

A campanha também permitirá aos novos dirigentes avaliar o desgaste entre os militantes gerado pelas denúncias de corrupção na qual o partido está envolvido, que obrigou os antigos líderes da legenda a renunciar. Até maio, antes do escândalo que também envolveu pessoas próximas ao presidente, o PT se orgulhava de ser o partido mais organizado e ativo do país, com 825 mil filiados, e de sua capacidade de mobilização de milhões de militantes e simpatizantes.

O surgimento de provas de que os líderes do PT afundaram o partido na corrupção, levou a uma série de deserções de dirigentes, críticas de militantes, desconfianças e decepções de simpatizantes. Entre os que abandonaram aquele que já foi considerado o maior partido de esquerda da América Latina, estavam líderes históricos que ajudaram Lula a fundar o partido em 1980 e pelo menos cinco deputados federais.

A decepção entre os filiados foi tanta que, nas eleições internas do mês passado - na qual Berzoini foi eleito presidente do PT -, apenas 315 mil eleitores, ou 38 % dos convocados, compareceram às urnas. No entanto a legenda ainda desconhece a repercussão das denúncias de corrupção entre seus militantes, cuja mobilização é considerada vital numa possível campanha para reeleger Lula nas eleições presidenciais de 2006.

Crise Com sua campanha de arrecadação, o partido também quer mostrar sua capacidade de financiar suas despesas com o apoio dos militantes, sem recorrer a empresas privadas, estatais ou ajudas financeiras suspeitas.

As acusações contra o PT são relativas à formação de uma rede de corrupção, organizada pela antiga liderança, para financiar campanhas com recursos não declarados e pagar pelo apoio de deputados da base aliada. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, até agora o único dirigente expulso do partido por sua responsabilidade nas irregularidades, admitiu que financiou as campanhas do partido em 2002 e 2004 com recursos não declarados às autoridades eleitorais nem à receita.

Aliados de Lula - além do publicitário Duda Mendonça, que dirigiu sua campanha eleitoral - admitiram que receberam recursos do caixa dois e que os pagamentos foram feitos em contas em paraísos fiscais no exterior. O PT também foi acusado de receber recursos de Cuba.

As CPIs que investigam as denúncias de corrupção encontraram provas que parte do dinheiro saiu de empresas estatais como o Banco do Brasil, e de contratos de publicidade de outras empresas públicas.

O partido alega que os recursos provêm de empréstimos bancários não declarados e que as dívidas por esses créditos somam R$ 40 milhões, que o partido ainda não sabe como pagar. Essa quantia triplica a dívida de R$ 12 milhões declarada oficialmente pelo PT.

Berzoini admitiu que, além de recorrer a seus militantes na busca de financiamento, o partido deve enxugar suas despesas e pode reduzir o número de seus funcionários em 40%. Na última semana, a direção nacional do partido demitiu 37 de seus 125 funcionários.




Fonte: EFE

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