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Internacional
Terça - 31 de Maio de 2005 às 16:25

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Dominique de Villepin, um fiel companheiro de Jacques Chirac, substituiu nesta terça-feira o impopular Jean-Pierre Raffarin no posto de primeiro-ministro francês, com o desafio de reconciliar as "duas Franças" que ficaram evidentes no plebiscito do último domingo.

O flamejante primeiro-ministro, do qual se dizia ainda antes que os franceses rejeitassem categoricamente a Constituição européia na consulta popular que já tinha elaborado uma lista de ministros, deve fechar a composição de seu governo antes do fim de semana.

A alocução televisada que o presidente Chirac fará nesta noite para explicar suas decisões aos franceses deveria esclarecer o nome de pelo menos um dos integrantes do futuro Executivo.

Trata-se de Nicolas Sarkozy, líder da conservadora e governante UMP e aspirante a substituir Chirac no Palácio do Eliseu em 2007, que voltaria ao Executivo como "número dois" e titular de Interior, um posto cujo desempenho de maio de 2002 a março de 2004 contribuíu para fazer dele o político de direita mais popular do país.

Nesse caso, a estranha dupla Villepin-Sarkozy deverá encarnar o "novo e forte impulso" que o debilitado chefe de Estado prometeu aos franceses para responder ao forte descontentamento e à angústia social expressados pelos franceses no plebiscito.

Contra aquilo que se esperava, Villepin guardou um silêncio total sobre suas prioridades na cerimônia de transferência de poderes na sede do governo (Matignon) na tarde de hoje.

Ele limitou-se a prestar tributo ao demissionário Raffarin e às reformas "indispensáveis à recuperação da França" que empreendeu em seus quase 37 meses à frente do Executivo.

Raffarin, por sua vez, assegurou que Chirac poderá contar com a "lealdade" de Villepin -"o fio da lealdade não se rompeu"-, e os franceses, com seu "sentido de Estado" para responder a suas "aspirações".

Villepin, poeta, intelectual, "rosto" da oposição da França à guerra do Iraque em 2003 (quando era ministro de Exteriores, antes de passar ao Ministério do Interior em março de 2004), e considerado um dos "filhos espirituais" de Chirac, reclamava há meses um novo impulso da ação do governo.

Hoje, em um almoço com deputados da UMP e da centro-liberal UDF, o novo primeiro-ministro, de 51 anos, privilegiou a "união" e a "ação" para responder rapidamente aos problemas dos franceses, disseram deputados da formação no poder.

Embora, publicamente, esta primeira tomada de contato tenha tido êxito, outros parlamentares da UMP se mostravam muito mais reservados. Lembravam que Villepin nunca se apresentou a uma eleição e que, em seus períodos anteriores, ignorou os parlamentares.

O líder da UDF, François Bayrou, anunciou que sua formação não participará do governo, denunciou que a dupla Villepin-Sarkozy cria um "clima de ópera cômica" e que não é a resposta que este país "desgarrado" necessita.

O opositor Partido Socialista ironizou sobre a nomeação de Villepin, enquanto que partidários do "não" de esquerda à Constituição denunciaram sua nomeação como uma "provocação" e um "insulto" por parte de Chirac aos franceses e reclamaram de novo eleições legislativas antecipadas.

Perante os deputados da maioria conservadora, Villepin disse que "a prioridade de suas prioridades" é o emprego.

Embora pela primeira vez neste ano o número de desempregados tenha caído em abril a um ínfimo 0,1%, o índice de desemprego se mantém em 10,2%, o mais alto em cinco anos.

As sondagens revelaram que o desemprego, a angústia social e econômica e o "cansaço geral" tinham sido o grande motor do "não" no plebiscito sobre a Constituição européia.

O fraco crescimento econômico e o estagnado poder aquisitivo são, além do emprego, os outros dois grandes desafios para o Executivo de Villepin.

Mas sua margem de manobra orçamentária será mínima, dado que a França se comprometeu a cumprir este ano o limite de déficit público de 3% do Produto Interno Bruto, após tê-lo superado durante três anos em violação do Pacto Europeu de Estabilidade.

Se o novo primeiro-ministro optar por um relançamento dos investimentos públicos para fomentar o emprego, como indicam os rumores, significará descumprir os compromissos europeus, algo que pode cair muito mal em outras capitais européias, após o choque dado pela França ao processo da construção européia.





Fonte: EFE

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