Greve por corte de empregos afeta jornalismo da BBC

A emissora pública britânica BBC sofre na segunda-feira sua pior greve em mais de 10 anos, em reação aos planos de redução de até 20 por cento da força de trabalho. A greve de 24 horas obrigou a emissora a cancelar ou reduzir a maior parte da sua programação noticiosa ao vivo para rádio e TV, inclusive o Serviço Mundial.

Os sindicatos ameaçam realizar outras três greves caso suas exigências — inclusive uma moratória de 90 dias nas demissões e uma garantia de que todas elas serão voluntárias — não sejam cumpridas.

Em vez do "Today", que normalmente dá a agenda do dia na Rádio 4, os ouvintes despertaram com uma seleção de jazz e um documentário sobre as maravilhas da engenharia.

Sumiram também os gráficos animados e os efeitos especiais nos programas de TV, devido à ausência dos técnicos. Muitos apresentadores tiveram como recursos apenas uma câmera e sua bancada.

O BBC News 24, canal de jornalismo em tempo integral, e o Serviço Mundial de rádio apresentam na manhã de segunda-feira longos blocos de programação pré-gravada.

Alguns programas regionais de rádio estão sendo apresentados pelos seus gerentes. Funcionários do Serviço Mundial em línguas estrangeiras também aderiram aos protestos.

O Sindicato Nacional dos Jornalistas e dois outros sindicais protestam contra o plano do diretor-geral da BBC, Mark Thompson, de eliminar cerca de 4.000 postos de trabalho.

A iniciativa ocorre em um momento em que a BBC se prepara para renovar a direção, que tem mandato de 10 anos, e ainda se recupera da desgastante briga com o governo por causa da guerra do Iraque.

O sindicalista Jeremy Dear disse esperar que cerca de 11 mil funcionários da BBC participem da greve. "Do nosso ponto de vista, é uma adesão fantástica", disse ele à Reuters.

Wilfred Darlington, engenheiro de som da BBC há 36 anos, comandava um piquete em Manchester na segunda-feira. "Estamos preocupados de que 80 por cento da força de trabalho tenha de fazer 100 por cento do atual trabalho. Só posso imaginar que nível de estresse isso vai provocar", disse ele.

A BBC lamentou a greve e disse que fará de tudo para produzir o melhor serviço possível. "Estamos dispostos a voltar à mesa com os sindicatos e continuar as negociações", afirmou um porta-voz.

Os três sindicatos autorizaram, no dia 12, a realização de quatro dias de greve: 24 horas em 23 de maio, 48 horas em 31 de maio e 1o. de junho e uma quarta em um dia não especificado.

Os funcionários preferiram evitar grandes eventos, como o torneio de tênis de Wimbledon, que são transmitidos pela BBC.

(Com reportagem de Ben Blanchard em Manchester)