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Politica Brasil
Sábado - 21 de Maio de 2005 às 13:12
Por: Jaime Neto

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Ex-secretário chefe da Casa Civil no primeiro ano do governo Maggi, o deputado Carlos Brito (sem partido), alerta para o perigo do debate eleitoral de 2006 prejudicar a governabilidade. Ele entende, que o governo e partidos aliados, ao entrarem em conflitos, estão travando uma discussão inócua e deixando de lado o maior produto eleitoral do atual governo: os resultados positivos em diversas áreas da administração.

Brito, que ainda não definiu que partido irá ingressar, defende a realização de um fórum, que reúna setores do governo e base aliada para estabelecer um norte visando à conclusão do mandato de Maggi e sua disputa à reeleição. Veja os trechos principais da entrevista:

MidiaNews: Deputado, como o Sr. tem avaliado as divergências surgidas entre os aliados do governador Blairo Maggi. Não estaria faltando articulação política ao governo?

Carlos Brito: No aspecto administrativo a responsabilidade maior é do governador. Para isso, ele se candidatou e foi eleito. Quanto à governabilidade, e aí envolve o aspecto político, eu entendo, que é extensivo a todos aqueles que fizeram parte deste projeto. Tanto o direito de participar deste projeto como a obrigação de fazer com que esse projeto dê certo. E isso passa pelo que chamamos de governabilidade. Um governo se inicia após o período eleitoral e só vai se encerrar na outra eleição. E o aspecto partidário acaba caminhando paralelo. O que estamos vendo hoje são essas discussões se misturarem. Está se discutindo a perspectiva eleitoral de 2006 enquanto estamos ainda no meio do mandato obtido em 2002. É preciso que se entenda que a população ainda vai cobrar a prestação de contas do governador e de todos aqueles que o ajudaram a eleger deste período que ainda não se encerrou. É temeroso colocar a carroça na frente dos bois. 2006 não é mais importante que 2002. É o oposto. Cumprir os compromissos de 2002 , isso sim, deve ser o grande objetivo a ser defendido por todos.

MidiaNews: Quem, então, está retardando este debate eleitoral. Setores do governo ou partidos da base aliada?

Brito: Acho que aí nós precisamos fazer um exercício de mea culpa. Esta questão acontece de uma maneira atravessada entre aspas. È previsível que o momento eleitoral chegue, está agendado. Talvez a grande falha foi à parte política não ter planejado isso. Ou seja, a partir do momento tal vamos estar discutindo essa questão. Mas, de uma forma que se entenda governo atual e o próximo pleito eleitoral. Não dá para misturar as duas coisas. Porque um vai acabar prejudicando o outro. E isso começa a acontecer.

MidiaNews: E o Sr. acha que esse desgaste pode acarretar problemas para o Maggi em 2006?

Brito: Quando se fala em acarretar problema é exatamente como sua pergunta. Acarretar problemas para o Maggi em 2006. Eu vejo algo mais grave. Acarretar problemas para o governo que Maggi representa hoje. Volto a dizer. A preocupação deve ser, e isso tem que estar claro, é que esse governo tem que dar certo para que o próximo possa ser pleiteado. Não fazer isso, acho que é o grande erro estratégico. Não há de ter a preocupação se é bom ou ruim para eleição de 2006. O que tem que se discutir é se é bom ou ruim para o governo que está em curso. Até já sugeri ao governador para pegar a Agenda Mato Grosso Mais Forte -- que é a pauta de compromissos do atual governo com a sociedade e fazer uma avaliação bastante criteriosa daqueles pontos que ali estão. E verificar quais já pôde ser alcançado, os que ainda serão superados e os inatingíveis até o final deste mandato. Precisa ser feita esta reflexão para depois entrarmos na questão eleitoral. E este é momento para se ter esta reflexão interna. Precisamos ter uma ação intra-governamental contando com os partidos da base aliada com a formação de um fórum. E aí, o governo precisa ter claro que não é governo de um partido só. É governo de um conglomerado de partidos que formam a base de sustentação. E o governo é até mais que isso. É de todo o conjunto da sociedade. Então, o todo não pode ser menor que parte. Ou seja, o interesse do governo não é o interesse dos partidos que compõem a base, o interesse do governo é o da sociedade. E até daqueles que não votaram em Blairo Maggi, mas nem por isso deixam de ter direito de usufruir dos resultados deste governo.

MidiaNews: Agora, o fato é que há, na prática, alguns problemas políticos dentro da própria base de apoio....

Brito: Eu entendo que algumas questões que são colocadas hoje são extemporâneas. Porque se olharmos bem, os conflitos políticos do governo Blairo Maggi na sua esmagadora maioria são gerados dentro das próprias forças políticas aliadas. Se fizermos uma retrospectiva do início do governo até hoje, com raras exceções, todos os momentos de estremecimentos aconteceram internamente e tomaram uma dimensão pública que nem as têm. Mas são gerados a partir da própria base. O governo tem que tratar a governabilidade como necessidade de governar, mas essa governabilidade não pode ser uma panacéia para se aceitar e se sucumbir ao principal que é o compromisso com a população. De outro lado, também não podemos imaginar, tocar um governo com radicalismos sem apoio de vários setores.

MidiaNews: Este debate dentro da base aliada, então, é acéfalo?

Brito: O que eu acho é que estão puxando para um debate tradicional e estão deixando de capitalizar politicamente circunstâncias inteiramente favoráveis para se ganhar uma eleição. O próprio resultado positivo do governo está sendo colocado em segundo plano e isso vai acabar tendo conseqüência eleitoral. Nem o próprio governo, em minha opinião, tem sabido demonstrar com clareza e objetividade determinados resultados que a população percebe mais a médio e longo prazo. Então, é o que eu insisto, o debate de 2006 está tomando ares de uma discussão tradicional. Está sendo desperdiçado o maior componente eleitoral para 2006 que são os resultados positivos do governo. Isso está passando ao largo de todo esse debate. Tanto o governo como base aliada não estão se apercebendo disso. E quando tentarem fazer não haverá mais tempo porque vamos entrar no processo eleitoral. Falta um fórum de discussão entre governo e partidos aliados e é isso que eu defendo. Veja, bem. Estão tentando tratar o governo que tem o compromisso com o novo com uma receita velha. Não vai dar certo nem para o governo e nem para os aliados e o resultado que está sendo positivo, insisto, está sendo desperdiçado. Este deveria ser o grande mote da construção de qualquer projeto para 2006. Ou seja, o maior produto eleitoral que nós temos, estamos trocando por uma discussão tradicionalista. Assistimos também governos que falavam em mudança e ao final trataram as coisas iguais e deu no que deu. Falo o que muita gente gostaria de falar, mas que não foi chamado para discutir este processo.

MidiaNews: Deputado, o Sr. já definiu em qual partido vai se filiar?

Brito: Ainda não defini o partido. O que posso adiantar é que vou para uma agremiação da base de apoio ao governador Blairo Maggi. A única certeza é que não ingressarei no PPS (ex-partido de Brito).





Fonte: Midia News

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