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Cidades/Geral
Sábado - 14 de Maio de 2005 às 11:10

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Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente coloca Mato Grosso na berlinda de questões ambientais como desmatamento, queimadas, poluição do ar e poluição da água. Divulgado ontem, o suplemento de meio ambiente da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) coletou dados em 5.560 municípios brasileiros existentes em 2002.

A pesquisa cruzou dados coletados em imagens de satélite com questionários aplicados nas prefeituras. Em Mato Grosso, 25% dos gestores relataram problemas decorrentes pela poluição da água. O índice foi um dos menores relatados no país. “Parte dessa poluição é por agrotóxicos e isso não é muito percebido pela população”, opina o coordenador do Instituto Centro Vida (ICV), Sérgio Guimarães. “Mesmo assim, é um índice alto”, acrescentou.

Os números vão mais além: 51 municípios mato-grossenses relataram poluição do ar, atribuída, em grande parte, às queimadas. Oitenta e oito cidades confirmaram assoreamento em rios e riachos, apontando o desmatamento e degradação de matas ciliares como principais causas. Em 20 cidades, os prefeitos disseram estar tendo prejuízo na atividade agrícola por conta de problemas ambientais decorrentes, principalmente, do esgotamento do solo e erosão. Outros 73 municípios relataram ocorrência de redução de quantidade/diversidade ou perda de qualidade do pescado por problemas ambientais decorrentes da pesca predatória.

Na região norte de Mato Grosso, o estudo aponta contradições entre o que se vê e o que se declara. “Ao longo da BR 163, você pergunta para os prefeitos se há desmatamento afetando a qualidade de vida da população e eles dizem “não”. Você pergunta se tem queimadas afetando a qualidade de vida da população e eles dizem “não”. Mas quando você olha o mapa de focos de calor, o norte de Mato Grosso é uma mancha vermelha, quase preta. O norte de Mato Grosso está pegando fogo, é isso que o mapa está me dizendo”, relata o analista ambiental do IBGE, Judicael Clevelário Júnior, que participou da pesquisa.

“No mapa de Mato Grosso, no extremo leste tem uma mancha em branco, que é o Parque Nacional do Xingu. Ou seja, o que não é unidade de conservação em Mato Grosso está queimando”, afirma. Ele levanta uma hipótese para o descompasso entre os mapas e as respostas negativas dadas pelos prefeitos. “Queimada e desmatamento nas áreas de fronteira agrícola são vistos como desenvolvimento”, disse. Para ele, isso é preocupante. “A questão é não perceber isso como um problema”, acrescentou. Segundo o analista, também é possível que os prefeitos temam que a exposição dos problemas atrasem ou impeçam o asfaltamento da rodovia.

Os 67 municípios que margeiam a BR-163 (são 34 em Mato Grosso, 28 no Pará e cinco no Amazonas) mal dispõem de arrecadação própria: apenas 12 têm recursos específicos para a área ambiental (principalmente multas) e nenhum possui Fundo Municipal de Meio Ambiente. De acordo com a pesquisa, em 2002, apenas quatro cidades mato-grossenses tinham órgãos exclusivos de meio ambiente. No restante, as questões ambientais estavam ligadas a secretarias de Agricultura, Defesa Civil e Educação e Cultura. “Isso reflete o desinteresse dos municípios na área ambiental”, afirma o coordenador do ICV.





Fonte: Diário de Cuiaba

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