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Nacional
Segunda - 09 de Maio de 2005 às 08:46
Por: Rosana de Cassia

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Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, negou que a reunião da Cúpula Árabe-Sul Americana, que começa hoje, em Brasília, seja um fracasso, por causa da ausência dos principais dirigentes dos países árabes. "Nós temos aqui uma obsessão de diminuir aquilo que nós fazemos. Em muitos casos o ministro do Exterior da Arábia Saudita não é um simples mortal, como eu, demissível. Ele é filho do rei, tem um poder que transcende o cargo que está ocupando neste momento", disse Amorim.

Segundo o ministro, além dos presidentes da Argélia, do Iraque e da Autoridade Palestina, participarão do encontro 60 ministros e mais 250 empresários árabes. "Querer mais do que isso é querer olhar para baixo", disse Amorim, em entrevista nesta manhã no programa Bom Dia Brasil, da TV Globo.

Ministro nega que interesse

do Brasil seja o conselho da ONU

Celso Amorim negou também que o interesse do governo brasileiro com a Cúpula Árabe-Sul Americana, em Brasília, seja atrair adesões para que o Brasil seja membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. "Tudo vocês acham que a gente faz por causa do assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Não é assim ", disse.

"Nós estamos tentando aproximar duas regiões em desenvolvimento com resultados que já ocorreram. A cúpula foi um êxito até antes de se realizar. Nosso comércio com países árabes aumentou em 50%, vamos ter um encontro empresarial que eu acho que é recorde: 1.200 empresários, sendo 250 árabes 300 de outros países sul-americanos e outros brasileiros.

A nossa questão no Conselho de Segurança (da ONU) é uma questão que lidamos dentro dos escaninhos adequados. Não é uma obsessão que contamina todos os aspectos da política externa brasileira", disse.

Comércio com os EUA

O ministro das Relações Exteriores negou também que a intenção do governo brasileiro com a Cúpula Árabe Sul Americana seja substituir, com o tempo, as relações comerciais com os Estados Unidos. "Os Estados Unidos continuam sendo o nosso principal mercado", afirmou o ministro.

A título de exemplo citou que o comércio com os Estados Unidos nos dois primeiros anos do governo Lula cresceu 30%, enquanto que no primeiro período do governo anterior o crescimento foi de apenas 11%. "Essas coisas são sazonais, não posso ter certeza. Mas se mantivermos o ritmo de crescimento este ano, as nossas exportações com os Estados Unidos terão crescido tanto quanto nos oito anos do governo anterior", afirmou. "Acontece que a maneira de trabalhar com os Estados Unidos é diferente, os caminhos estão abertos", disse.

Com relação ao governo americano, o ministro disse que na visita ao Brasil, a secretária americana, Condoleezza Rice, afirmou que o governo americano estava satisfeito com a Cúpula Árabe-Sul Americana, promovida pelo Brasil. Isto porque, segundo Amorim, os Estados Unidos também pregam reformas econômicas, sociais e políticas no mundo árabe e o encontro poderá ser um exemplo positivo para esse fim.

Crise com Argentina

Celso Amorim minimizou, mais uma vez, o mal-estar provocado pelo governo argentino, que condenou a postura do Brasil de querer liderar o Continente. "O que há é que em relações intensas sempre surgem problemas. É muito mais fumaça, fogo de palha do que problemas reais. Problemas reais são os do comércio e esse a gente tem de ir administrando aos poucos. Acho que o Brasil tem de tomar consciência de que tem de fazer mais pelo Mercosul, em termos de política industrial", disse o ministro. Segundo Ele, "é impensável haver integração da América do Sul sem a manutenção da integração com a Argentina.

Hoje à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva jantará com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, na Granja do Torto. Os dois participarão da Cúpula Árabe-Sul Americana, em Brasília.





Fonte: Agência Estado

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