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Nacional
Sábado - 07 de Maio de 2005 às 14:40
Por: Thaís Brianezi

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Manaus - A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) fez dois anos em abril. Criada em julho de 2002, só começou suas atividades quase um ano depois. Em entrevista à Agência Brasil, o diretor-presidente da Fapeam, José Aldemir de Oliveira, fez um balanço desse período inicial, reforçando a importância de se fazer pesquisa sobre o Amazonas, financiada pelo próprio Estado, e proteger os recursos brasileiros. "O exterior já descobriu nossas potencialidades. Agora precisamos pesquisá-las e, assim, além de nos anteciparmos, temos como evitar a biopirataria."

Em dois anos, o orçamento da Fapeam foi cerca de R$ 50 milhões. Segundo José Aldemir de Oliveira, 80% desses recursos vieram do tesouro estadual. "Quase 1% do faturamento líquido do Estado é destinado à Fundação". Já o restante foi captado por meio de convênios com o governo federal. Ele ressaltou que a Fapeam só financia projetos selecionados por concorrência pública, apresentados a partir da publicação de editais de convocação. "Isso ocorre até mesmo para o custeio da passagem de um pesquisador que participe de um evento científico", contou. "Creio que futuramente a gente consiga ter uma verba reservada para necessidades específicas e urgentes".

O diretor destacou quatro programas que unem ciência e inclusão social. O primeiro é o Jovem Cientista Amazônico, que atualmente financia 38 projetos, com investimentos de R$ 1,2 milhão. O segundo, chamado Editais Temáticos, volta-se para a construção de novas tecnologias nas áreas florestal, ambiental, da saúde, de pesca, do agronegócio e social – são 34 projetos com custo total de R$ 10 milhões. O terceiro é Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPE), realizado em parceria com o Governo Federal, que custou R$ 4 milhões, dos quais metade dos recursos foram repassados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A quarta ação é o Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), que disponibilizou R$ 3,12 milhões para 97 projetos de diversas áreas do conhecimento.

"Fazer pesquisa no Amazonas tem suas especificidades. Há a dificuldade da distância, do isolamento. Por outro lado, existe a riqueza da biodiversidade e do conhecimento tradicional que precisa ser sistematizado para gerar mais desenvolvimento", enfatizou Oliveira. Um exemplo que ilustra essa afirmação é o da pesquisa "Contando Histórias de Formação de Professores(as) Sateré-Mawé: um estudo a partir de experiências docentes em áreas indígenas", título da dissertação de mestrado que Elciclei Faria dos Santos defendeu na última quarta-feira (dia 4), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Elciclei recebeu bolsa da Fapeam para pesquisar o processo de formação dos professores indígenas Sateré-Mawé, na terra indígena Andirá-Marau (centro-sul do estado).

Durante a pesquisa de campo, em uma viagem de barco, a rede em que ela dormia foi atada sobre um boi (vivo), que serviria de alimento para os visitantes da aldeia. Resultado: Elciclei se afeiçoou ao animal e, nos sete dias em que permaneceu lá, não teve coragem de comer carne. Outra lembrança que ela guarda do período de coleta de dados – menos divertida – é a hepatite, que a fez permanecer deitada durante quatro meses. "Toda essa vivência nos ajuda a conhecer melhor as dificuldades vividas pelo homem da floresta, e a valorizar ainda mais suas conquistas, seu modo de vida", defendeu ela.





Fonte: Agência Brasil

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