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Internacional
Sexta - 06 de Maio de 2005 às 23:44
Por: Louis Charbonneau

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Os sinais de que a Coréia do Norte pode estar programando o teste de uma bomba atômica levaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) a pedir na sexta-feira aos líderes mundiais que exerçam pressão em contrário sobre o misterioso regime comunista.

Uma fonte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse que satélites espiões revelaram possíveis preparativos para um teste nuclear subterrâneo, embora também tenha alertado que isso pode ser uma armação dos norte-coreanos.

As imagens mostram um enorme buraco sendo cavado em Kilju, no nordeste da Coréia do Norte. O buraco em seguida aparece sendo coberto, como acontece com testes subterrâneos, de acordo com essa fonte, que pediu anonimato.

Os satélites também detectaram postos de observação a alguma distância da cratera, provavelmente para que as autoridades locais acompanhem o teste, segundo esse funcionário.

O diretor da AIEA, Mohamed El Baradei, disse que a situação é urgente e pediu a todos os líderes em contato com Pyongyang que usem sua influência para impedir o teste.

"Espero que cada líder que tenha contato com a Coréia do Norte esteja no telefone hoje com as autoridades norte-coreanas para dissuadi-las do teste", disse El Baradei a jornalistas durante uma conferência da ONU sobre desarmamento nuclear.

Voando com o presidente George W. Bush para a Letônia, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, se recusou a comentar as informações do satélite, mas disse que "se a Coréia do Norte desse tal passo, isso seria só mais um ato provocativo que iria isolá-la ainda mais da comunidade internacional."

Questionado sobre o possível efeito do teste, El Baradei disse que "haverá repercussões políticas desastrosas na Ásia e no resto do mundo". "Acho que haveria uma grande contaminação ambiental, que poderia levar à disseminação de radiatividade na região."

El Baradei propôs à Coréia do Norte que volte à mesa de negociação e pare de tentar extorquir concessões do mundo.

"Acho que isso levará as coisas da mal a pior. Não tenho certeza de que a Coréia do Norte vá ganhar alguma coisa continuando a escalar a situação, continuando a realizar chantagem nuclear", afirmou.

As negociações entre Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Coréia do Sul e Coréia do Norte estão paralisadas há quase um ano, e as recentes tentativas de retomá-las foram infrutíferas.

A Coréia do Norte expulsou os inspetores da AIEA em 2002 e em seguida se tornou o primeiro país signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear a abandonar o pacto, em vigor desde 1970.

O funcionário norte-americano disse que as imagens do satélite não mostram a colocação do material nuclear no subsolo. Ele acha possível que o satélite estivesse fora de posição no momento ou que a colocação simplesmente não tenha acontecido.

"Não dá para saber o que não se vê, porque eles são uma sociedade fechada. Então o que se vê são buracos. Não dá para ver eles colocando a terra novamente sobre os buracos. Mas alguém viu [uma bomba] ali dentro? Por que não a vemos?", disse a fonte.

Outra fonte disse que pode haver muitas explicações para as fotos do satélite, mas que "o consenso é de que poderia haver [um teste] a qualquer momento, e isso é verdade há algum tempo." "Parece mais uma questão técnica do que política", acrescentou.

Pyongyang anunciou em fevereiro que possui armas nucleares.

As supostas violações ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear por parte da Coréia do Norte e do Irã (país também acusado de desenvolver armas nucleares) estão dominando a conferência destinada a rever o pacto. Teerã nega ter ambições nucleares para fins militares.

Mas a conferência, que vai até dia 27, não conseguiu aprovar uma agenda de negociações, pois os 188 países signatários não chegam a um acordo sobre como resolver as lacunas do tratado.

Os Estados Unidos e a França estão em atrito com o Egito numa tentativa de impedir qualquer declaração oficial que possa levar os cinco países signatários que admitem ter a bomba (EUA, França, China, Grã-Bretanha e Rússia) a reduzir seus arsenais, como prevê o acordo.

Paquistão, Índia e Israel também possuem armas nucleares, mas não são signatários do tratado.

(Reportagem adicional de Will Dunham e David Morgan em Washington)





Fonte: Reuters

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