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Internacional
Sexta - 06 de Maio de 2005 às 11:14
Por: Joao Caminoto

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Londres - Tony Blair tornou-se o primeiro líder trabalhista a ser eleito pela terceira vez consecutiva para a chefia do governo da Grã-Bretanha. Mas essa vitória histórica do primeiro-ministro, que completa hoje 52 anos, não abre espaço para muita comemoração e lança uma sombra de dúvida sobre quanto tempo ele permanecerá no comando do Partido Trabalhista e do país. A contagem dos votos prossegue nesta amanhã, mas já é certo que a maioria trabalhista no Parlamento será reduzida de 161 deputados para um número inferior a 70. Em contrapartida, os conservadores e principalmente os liberal-democratas vão aumentar a sua representação.

Esses números representam um sério golpe para Blair, que admitiu nesta manhã que sua decisão de lançar o País na guerra contra o Iraque foi um elemento divisor que prejudicou seu partido. Não escondendo um certo abatimento, ele disse que os trabalhistas ganharam um mandato para governar o país novamente. "Temos de ouvir as pessoas e responder sensivelmente e com sabedoria, mas elas deixaram muito claro que querem continuar com os trabalhistas e não voltar aos anos de domínio conservador", disse Blair.

A imprensa britânica nesta sexta-feira é praticamente unânime em afirmar que a vitória trabalhista teve um gosto amargo. ´Blair não é mais um mágico´, disse o professor Tony King, da Universidade de Essex. ´Esse resultado vai causar-lhe sério dano.´

Antes da eleição, já se previa que qualquer redução da maioria trabalhista para um nível abaixo de 100 deputados limitaria o êxito do partido. Uma surpreendente perda de quase 100 assentos poderá trazer turbulência dentro do Partido Trabalhista, que ainda não se recuperou da cisão interna causada pela guerra no Iraque. Os analistas avaliam que o resultado terá também o potencial de enfraquecer a liderança de Blair de tal forma que ele poderá até ser forçado a antecipar seu compromisso de abandonar o cargo antes da próxima eleição, abrindo caminho para o chanceler e ministro das Finanças Gordon Brown assumir seu posto.

Há várias explicações possíveis para a queda do apoio a Blair. A decisão de participar da invasão do Iraque com os EUA ocupa o topo da lista, pois causou rejeição em boa parte da população. A votação pode refletir um eleitorado que ainda não vê melhor opção a Blair, mas quis deixar claro que está insatisfeito com o desempenho do líder. A ex-ministra trabalhista Claire Short, que renunciou por causa do conflito no Iraque, disse que seu partido poderia conviver muito bem com uma maioria reduzida, mas observou: ´Acho que todos concordam que teríamos tido uma performance diferente com um líder diferente.´

O líder conservador, Michael Howard, ao reconhecer a derrota, exortou Blair a oferecer à população soluções que são realmente importantes no dia-a-dia das pessoas. Resta agora saber se, apesar do desempenho positivo dos conservadores na eleição em relação ao último pleito em 2001, Howard permanecerá na liderança do partido. Afinal, foi a terceira derrota consecutiva do partido. A imprensa britânica já especula hoje sobre quais os nomes que poderão sucedê-lo O líder liberal-democrata, Charles Kennedy, disse que o avanço de seu partido significa que a política britânica já não é mais dominada por apenas dois partidos.





Fonte: Agência Estado

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