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Internacional
Quinta - 05 de Maio de 2005 às 12:14

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A participação dos EUA na libertação e na reconstrução de territórios da Europa e da Ásia valeu ao país o agradecimento de seus aliados, mas à medida que a memória foi se deteriorando a imagem americana seguiu o mesmo caminho.

Os soldados americanos que desembarcaram na Normandia em 1944 ou na Sicília em 1943 foram recebidos de braços abertos e como libertadores pela população local, em cenas que fotógrafos do porte de Margaret Bourke-White e Robert Capa deixaram gravadas na mentalidade americana.

Talvez fossem imagens o que o até agora subsecretário de Defesa dos EUA e próximo presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, tinha em mente quando jurava que as tropas americanas seriam recebidas como libertadoras no Iraque.

E essas imagens também estão na raiz do desencontro entre os EUA e seus aliados europeus por causa da guerra do Iraque.

Legisladores americanos expressaram sua decepção e irritação pelo que consideraram a deslealdade da Europa na hora de corresponder pelo sangue americano derramado em sua libertação e o dinheiro contribuído pelo Plano Marshall.

Além disso, nos EUA também foram recebidas com uma mistura de total surpresa e tristeza as pesquisas que circularam por causa da guerra no Iraque e que mostravam que, na maioria dos países, os Estados Unidos eram considerados o maior perigo para a paz mundial.

Para o cidadão médio americano, as intervenções no exterior podem ter sido mais ou menos acertadas, mas sua intenção sempre foi boa.

Uma geração de europeus e asiáticos se viu introduzida pela primeira vez em um mundo de produtos até então praticamente desconhecidos em seus países, como o chiclete, as bebidas de cola e a calça jeans, produtos exóticos que contribuíram para aumentar a fascinação por tudo o que fosse americano.

As enormes contribuições do governo dos EUA para a reconstrução da Europa, através do Plano Marshall, contribuíram para deixar uma imagem dos Estados Unidos de potência generosa nos países que se beneficiaram do projeto.

Os laços se estreitaram ainda mais anos depois, com a criação da Otan e tropas americanas em bases européias, para a proteção do continente diante de um possível ataque da URSS.

Mas a imagem dos EUA no exterior se deteriorou gradualmente desde então, coincidindo em parte com o envelhecimento da geração que fez a guerra e viveu plenamente a dureza do pós-guerra.

A esta deterioração contribuíram também as intervenções americanas no exterior durante os anos da Guerra Fria, especialmente durante a guerra do Vietnã - cujo fim completou 30 anos dias atrás - e na América Latina.

O colapso da Cortina de Ferro em 1989 e da União Soviética em 1991 deixaram os EUA como única superpotência, no que o presidente George Bush, pai do atual, chamou de "Nova Ordem Mundial".

Na época, a visão na Europa do "amigo americano" já era muito mais crítica. As novas gerações se manifestavam contra a presença das bases ou pelo embargo ao Iraque, e acusavam Washington de prepotência.

Quando o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, afirmou que os Estados Unidos estavam dispostos a "ir sozinhos" à guerra com o Iraque e lançou sua famosa alusão à "velha Europa", as sementes dos desacordos já estavam semeadas.

Foram necessários quase dois anos e uma viagem do presidente Bush pela Europa para consertar as relações transatlânticas.

O casamento de EUA e Europa deixou para trás a fascinação da lua-de-mel do pós-guerra. Mas, como um casal à antiga, sabem que não vão se separar nunca. Os dois estão unidos pelo interesse econômico, os laços de sangue e de vida conjunta, e, por que não, o afeto mútuo.





Fonte: EFE

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