Fazendeiro acusado de envolvimento na chacina de Felisburgo não comparece à audiência pública

Brasília - O fazendeiro Adriano Chafick não compareceu à audiência pública organizada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra na tarde desta quarta-feira (4) em Jequitinhonha (MG). O fazendeiro, um dos mais esperados na audiência, é acusado de ser o mandante da chacina de Felisburgo, quando cinco sem-terra foram assassinados. Chafick está em Itabuna (BA) e alega não ter recebido a intimação a tempo de participar da audiência. Agora, ele deverá ser ouvido em outra audiência pública marcada para acontecer em Brasília.

Segundo o presidente da CPMI da Terra, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), os parlamentares já ouviram o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o deputado estadual Durval Ângelo. Em seu depoimento, Durval Ângelo denunciou omissão de autoridades e a existência de milícias armadas na região. "Durval pediu a prisão de dez pistoleiros que estão foragidos. Para o deputado há tensão na região porque há um receio de novos conflitos", afirma o senador Álvaro Dias.

O deputado estadual também pede a transferência do julgamento do processo para a comarca de Belo Horizonte. "Vamos recomendar o restabelecimento das prisões e atender o pedido de desaforamento do processo para a comarca de Belo Horizonte", diz o senador.

Segundo Álvaro Dias, a realização da audiência pública em Jequitinhonha pretende evitar novos conflitos na região. "Essa região que estamos é muito pobre e há muitas dificuldades. Há ameaças de que a tragédia ocorrida possa se repetir porque os pistoleiros continuam soltos e a família acusada pelos crimes continua na região fazendo ameaças". Amanhã (5), a CPMI da Terra fará outra audiência pública em Montes Claros (MG) para continuar as investigações sobre a chacina.

Três acusados pela chacina de Felisburgo tiveram as prisões relaxadas. Outros dez pistoleiros, que também foram acusados, estão foragidos. No dia 20 de novembro, sete homens armados entraram no acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, e atiraram contra os trabalhadores rurais. Cinco morreram e pelo menos doze trabalhadores ficaram feridos. O fazendeiro Adriano Chafick é acusado de ter sido o mandante do crime.