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Internacional
Domingo - 01 de Maio de 2005 às 20:14
Por: Pedro Alonso

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Londres - A quatro dias das eleições gerais, o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, se viu neste domingo obrigado a defender sua integridade, questionada após a descoberta de um documento oficial sobre seu polêmico apoio à guerra do Iraque. A guerra no Iraque, que fez a popularidade do líder trabalhista despencar, voltou a ser abordada esta manhã na campanha eleitoral, servindo de artilharia para os partidos da oposição, que voltaram a questionar a credibilidade do primeiro-ministro.

Blair, que concorre a um histórico terceiro mandato, acordou com a publicação de um memorando confidencial que deixa transparecer seu apoio ao plano do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para forçar uma mudança de regime no Iraque oito meses antes da guerra. O documento, divulgado pelo jornal Sunday Times, fala de uma reunião, realizada em Downing Street (escritório oficial do primeiro-ministro) em julho de 2002.

Nessa reunião, da qual participaram ministros e altos comandantes militares, Blair falou sobre a possibilidade de "uma mudança de regime" no Iraque, semanas depois de se reunir com o presidente americano em seu rancho em Crawford (Texas). Segundo o jornal, os papéis provam que o primeiro-ministro se comprometeu secretamente com Bush a derrubar o ditador Saddam Hussein, apesar de ter sido advertido pelo procurador-geral britânico, Peter Goldsmith, da possível ilegalidade da ação.

Defesa

A revelação põe em questão a conduta do líder trabalhista, que sempre disse que não queria ir à guerra, iniciada em 20 de março de 2003, até que foi dado a Saddam o último aviso para que apresentasse suas supostas armas de destruição em massa. O chefe do governo britânico também dissera que seu objetivo nunca foi tinha sido derrubar o ditador iraquiano através da força.

Apesar do fim de semana prolongado, já que nesta segunda-feira é feriado no Reino Unido, Blair deu início hoje a uma frenética rodada de entrevistas a rádios e TVs. Além disso, realizará vários comícios para responder às acusações e defender sua integridade. Em declarações à BBC, o primeiro-ministro negou que tenha decidido atacar o Iraque em julho de 2002, já que depois da reunião em Downing Street teria voltado à ONU para dar uma última oportunidade a Saddam Hussein.

O governante trabalhista argumentou que, "se Saddam tivesse aderido à resolução da ONU, tudo teria acabado". "Por que nas últimas duas semanas da campanha eleitoral, os conservadores e os liberais democratas (terceiro maior partido britânico) querem falar sobre o Iraque?", perguntou o chefe do Executivo. "Querem falar do passado porque não têm nada a dizer sobre o futuro do Reino Unido, sobre a economia ou a educação", concluiu o candidato trabalhista.

Pesquisas

Apesar do impasse sobre a guerra, quatro pesquisas publicadas hoje dão uma vantagem a Blair de entre três e oito pontos sobre Howard, seu maior adversário. Mas o próprio primeiro-ministro se mostra cauteloso e, em entrevista divulgada hoje pelo The Observer, admite que a polêmica do Iraque pode fazê-lo perder.





Fonte: EFE

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