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Politica Brasil
Domingo - 01 de Maio de 2005 às 07:20

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Liderando uma das maiores bancadas na Assembléia Legislativa, o deputado José Riva (PP) ainda sonha em ser senador por Mato Grosso. Nesta entrevista para A Gazeta, ele comenta o seu projeto futuro e também a relação com o governador Blairo Maggi (PPS).

Riva, que é primeiro-secretário da Assembléia, admite ainda sentir-se desgastado com as denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE), que o acusou, em 2002, de improbidade administrativa. Na ocasião, foi acusado também o ex-presidente do Legislativo, deputado Humberto Bosaipo (PFL).

Apesar de avaliar que as denúncias ainda não são águas passadas, o parlamentar comenta também a disputa pela reeleição no ano que vem. Incentivado por correligionários, a expectativa é de que o PP eleja até seis deputados e consiga repetir a votação que Riva obteve em 2002, quando foi o parlamentar mais votado de Mato Grosso, com aproximadamente 60 mil votos.

O capixaba José Geraldo Riva comenta ainda a relação do PP com os dirigentes estaduais do PPS e PFL, e a aproximação dos socialistas com o procurador regional da República em São Paulo, Pedro Taques, e o juiz federal Julier Sebastião da Silva.

Leia a seguir, os principais trechos da entrevista com o parlamentar

A Gazeta - Com a nova formação da bancada do PP, muda alguma coisa na Assembléia?

José Geraldo Riva - Não. O PP passa a ser uma bancada considerável de apoio ao governo. É lógico que já vínhamos apoiando de forma isolada e hoje somos uma bancada de cinco com o compromisso muito grande de unidade.

A Gazeta - O partido buscará mais espaço no secretariado do governo?

Riva - Ainda é cedo para se falar nisso. Particularmente, acho que a gente tem que considerar que o governo vem fazendo um bom trabalho, independentemente de indicação política. Por isso, acho que não há essa necessidade de indicarmos alguém. Mas falo como um filiado e não como um dirigente do partido.

A Gazeta - Acha que a coligação "Mato Grosso Mais Forte" tende a se repetir?

Riva - Acredito que sim. O Blairo sempre se manifestou nesse sentido. Sinto que o PFL também, mas é natural que ainda tem muita água para rolar.

A Gazeta - A verticalização não deve prejudicar esse projeto?

Riva - Acredito que a verticalização vai ser mantida, mas digo sempre o seguinte: se tiver o interesse na aliança, ela ocorre com ou sem a legislação.

A Gazeta - Mas o PFL teria que se afastar?



Riva - É possível que não.

A Gazeta - O governador já está buscando uma alternativa com o PDT e PV. Como o senhor avalia isso?

Riva - Ninguém quer um aliado fraco. O PP tem que estar forte. Isso é uma coisa natural. Como também acredito naturalmente que o PFL tenha que participar dessa chapa. São três candidaturas: governador, vice e Senado. Mas o vice-governador ou o Senado tem que ser do PP.

A Gazeta - Não causa um certo ciúmes essa busca por novos aliados?

Riva - Não. Isso é natural. O PPS, lógico, vai buscar novos aliados e o PFL e o PP também.

A Gazeta - Mas, com esse crescimento do Partido Progressista, a prioridade não deve ser o partido?

Riva - Acho que o PP passou a ser uma parte integrante necessária na mesa de negociação para a reeleição de governador. Acho que o PP deve exaurir toda a discussão com o governador Blairo Maggi no sentido de apoiá-lo, seja no PPS ou onde for.

A Gazeta - Acha que devem ser deixadas de lado as divergências que tiveram recentemente o deputado Pedro Henry (PP) e o secretário de Infra-estrutura, Luiz Pagot (PPS)?

Riva - Isso é algo normal na política. O Pagot é um secretário conceituado. O deputado Pedro Henry, idem. É uma colisão. Muitas vezes, é importante porque provoca a necessidade de se estar sentando, dialogando. Não tenho dúvida que o Pagot estará no projeto do deputado Henry ao Senado, como o deputado vai estar ao lado do Pagot pra ajudar a reeleição. Isso são coisas superáveis e que representam apenas um incidente do passado.

A Gazeta - Em 2006, a prioridade do PP será a eleição de Pedro Henry ao Senado. Em 2010, como fica? O senhor já admitiu disputar a senatória.

Riva - Ainda é prematuro se falar em candidatura ao Senado para 2010. Mas é natural que a gente que tem um sonho e trabalha sempre com esse objetivo. Nunca escondi que tenho pretensões de ser candidato pelo meu Estado. Fiz uma avaliação muito profunda e ainda acho que essa candidatura tem quer ser postergada. Agora sou candidato a deputado estadual. Mas, em 2010, vou trabalhar no sentido de viabilizar uma candidatura de senador. No PP, encontrei confiança nos companheiros para construir futuramente essa candidatura.

A Gazeta - Em 2002, não foi o grande momento para ter se arriscado nesse projeto?

Riva - Não tenho dúvida que se eu fosse candidato, teria sido eleito. Pude perceber a vontade das bases. Só pra se ter uma idéia, em maio de 2001 eu tinha 2% ou 3% nas pesquisas de intenção de voto. Em maio de 2002, já aparecia com 22% e 24%. Era uma candidatura plenamente viável, em pleno crescimento naquele momento. Tinha condições de, junto com o ex-governador Dante de Oliveira, ser senador. Infelizmente, não deu. Não podemos ficar chorando o leite derramado. Agora é pensar no futuro, pensar numa candidatura daqui a seis anos é difícil. Mas serão duas vagas e eu acho que é perfeitamente possível fazer uma aliança com uma candidatura mais ligada à Baixada Cuiabana. Aí, o meu nome, que é muito forte no interior, teria um casamento perfeito com alguém da Baixada Cuiabana.

A Gazeta - O PP está buscando novos aliados. Um deles seria o ex-prefeito de Sorriso, José Domingos (PMDB)?

Riva - Acredito que se teve essa conversa, ocorreu com o deputado Pedro Henry. Não passou por mim. Mas eu tenho em Sorriso um grande amigo, que é o deputado Mauro Savi, que é uma pessoa que eu tenho uma boa ligação, que exerce a liderança do governo e exerce para mim um papel muito importante aqui na Assembléia.

A Gazeta - PP elege quantos deputados?

Riva - Trabalhamos com a possibilidade de eleger uma das maiores bancadas, ou seja, de cinco a seis deputados. Num trabalho bem feito, dá até para aumentar esse número. Na última eleição, ninguém apostava que o PSDB iria fazer sete. Nem o próprio ex-governador Dante de Oliveira. Isso provou que uma chapa forte pode chegar até oito parlamentares.

A Gazeta - O governador Maggi é imbatível ou há chances de aparecer uma surpresa?

Riva - Eu não acredito nisso. O governador é um nome consolidado. Aliás, acho que uma das falhas dele é dar pouca atenção à política. Mas os resultados do trabalho estão aí e a população percebe isso. Por isso, acho que não é bom para Mato Grosso ele não ser reeleito.

A Gazeta - O que quer dizer pouca atenção à política?

Riva - Acho que falta a divulgação na mídia do que é feito. É importante também para o governo ir às ruas. Mas, talvez, seja essa justamente a característica dele fazer política. E talvez a população tenha aprovado isso também. A população que faz a avaliação do trabalho que é realizado.

A Gazeta - Melhorou a relação do governo e a classe política?

Riva - Melhorou. Hoje nós temos a melhor relação possível. Isso pode ser percebido quando ele participa da posse na União das Câmaras Municipais do Estado de Mato Grosso (Ucmmat), da Associação Mato-grossense dos Municípios. A presença dele demostra amadurecimento do governo.

A Gazeta - Setores do PPS admitem interesse em se aproximar do procurador da República, Pedro Taques. Admitem também interesse em uma candidatura do juiz federal Julier da Silva. Como o senhor, que é da base governista, se sente em relação a isso?

Riva - Não vejo nenhum problema. Acho que é uma tese defendida principalmente pelo ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz, mas não tenho problemas com isso. É algo que tem que ser discutido pelo PPS. Quem vai escolher os parceiros é o PPS, da mesma forma que o PP também vai fazer. Por isso, não tenho nada a comentar sobre a candidatura deles. Todo cidadão brasileiro tem o direito de disputar qualquer cargo eletivo.

A Gazeta - Ainda sofre com as denúncias de improbidade administrativa?

Riva - Tenho a consciência tranquila porque não houve interesse em desvio de recursos. Não são águas passadas porque prejuízo sempre vai haver quando se sofre um ataque daquela envergadura. Primeiro porque esse tipo de ataque vem com excessos. E, infelizmente, a gente tem que dizer que esse tipo de excesso tem sido comum no Brasil. Às vezes, um assunto pequeno fica grande por causa da forma como se dá a informação. Mas acredito na minha capacidade de trabalho e no que fizemos em defesa do Estado. Tenho certeza que vou voltar à Assembléia e poderei provar que, se houve irregularidade, não significa que a gente desviou dinheiro.




Fonte: A Gazeta

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