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Nacional
Sexta - 29 de Abril de 2005 às 21:50
Por: Cida Fontes

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Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expôs hoje, pela primeira vez, na entrevista coletiva aos jornalistas, sua angústia e insatisfação com o fato de seu governo não ter sido capaz de encontrar um mecanismo de controle da inflação que não seja apenas pela alta de juros.

Ele sinalizou que busca fórmulas alternativas, mas reconheceu que há dificuldades, pois há pressões e nem tudo depende apenas do governo. A dificuldade de encontrar um mecanismo alternativo às taxas de juros para controlar a inflação foi citada pelo presidente como um dos três principais erros de seu governo.

Lula confirmou a política econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e minimizou a responsabilidade do Banco Central, dizendo que a meta de inflação, de 5,1%, é fixada pelo governo e que o BC tem de cumpri-la.

Ao mesmo tempo em que insistiu ser preciso perseguir o "centro" da meta de inflação, Lula mandou um recado aos que defendem mudanças na meta, afirmando não ser o momento de mudanças. Com cautela e, citando momentos traumáticos dos planos econômicos do passado, enfatizou que não vai fazer pirotecnia nem permitir atitudes que, em função da proximidade das eleições, ponham em risco os avanços obtidos até agora.

Ele garantiu que não permitirá também que a inflação seja o "grande ladrão" dos salários e alertou que se o índice chegar a dois dígitos "ninguém segura". O mesmo tom moderado foi usado em relação à autonomia do Banco Central, que não tem convergência no próprio governo. O presidente disse que o assunto está em debate no Senado e tentou retirar o caráter político e ideológico do assunto para torná-lo apenas técnico.

Apesar dos conflitos constantes com o Congresso, desde a posse do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) ao comando da Câmara, o presidente Lula sinalizou que pretende manter uma relação de parceria e apontou como outro erro de seu governo não ter "participado mais" da eleição do presidente da Câmara.

Com diplomacia, preferiu não rebater as críticas e ataques de Severino, apostando na colaboração do deputado. Lula omitiu as dificuldades no Congresso, onde o governo tem optado pela obstrução por falta de maioria. O presidente remeteu aos partidos a responsabilidade pela solução dos atritos no Legislativo. E advertiu para os riscos de o Congresso aprovar propostas que impliquem em despesas sem especificar as receitas.

Sobre a manutenção do ministro da Previdência Social, Romero Jucá, disse que, por enquanto, ele está cumprindo com a tarefa de acabar com o déficit na previdência e reafirmou que não pode crucificar ninguém por conta de denúncias. O mesmo comportamento adotou em relação ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Lula, ainda é apenas uma investigação e que só pode tomar alguma atitude quando houver conclusão. Do ponto de vista formal, a primeira entrevista do presidente Lula serviu para quebrar o gelo com a imprensa e chegou a fazer brincadeiras dizendo que não conhece nenhum governante ou político que não reclama da imprensa. E prometeu novos encontros.





Fonte: Agência Estado

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