Teólogo critica legado "devastador" do Papa

As políticas internas do papa João Paulo II foram devastadoras para a Igreja e vão continuar a exercer uma influência prejudicial, mesmo após a sua morte, disse hoje o teólogo Hans Kueng.

Em um comunicado distribuído por seu escritório, o suíço de 77 anos afirmou que o Papa deixou a Igreja com uma crise de esperança e confiança.

"Não há dúvidas sobre sua devoção pessoal e engajamento pastoral em incontáveis viagens ao exterior. Mas, em breve, suas aparições triunfantes vão desaparecer e seus discursos por direitos humanos e pela paz mundial vão morrer", disse Kueng.

O teólogo foi um dos que pediram a renúncia do Papa durante o longo declínio de sua saúde, em favor da revitalização da Igreja.

Ele declarou que agora muitos esperam que o próximo Papa seja alguém que possa levar a sério a necessidade de reformas e mostre coragem para garantir um novo início.

"As políticas internas do Papa polonês foram devastadoras", disse Kueng, citando, entre outros problemas, "muitos bispos medíocres ou até mesmo incompetentes e alguns países onde metade de todas as paróquias estão sem padres".

"Esse Papa continuou a proibir os padres de casar, proibiu as mulheres de usar a pílula, os homens de usar preservativos, as mulheres de assumir postos no clero e cristãos (de outras denominações) de compartilhar a eucaristia."

Kueng foi proibido pelo Vaticano em 1979 de ensinar teologia católica, depois de desafiar a doutrina da infalibilidade papal. Apesar disso, ele manteve uma cadeira de professor na Universidade de Tuebingen até 1996 e continua sendo um crítico importante.

Ele disse que o novo pontífice deverá pressionar pelas mudanças prometidas pelo Segundo Conselho do Vaticano, de 1962-65, evento importante na história moderna da Igreja Católica, que causou mudanças dramáticas em seu estilo de culto.