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Internacional
Quarta - 30 de Março de 2005 às 18:21

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A ONU confirmou nesta quarta-feira que abrirá uma investigação para determinar se houve abusos, assédio sexual, desvio de dinheiro e favorecimento em sua divisão eleitoral.

O anúncio foi feito depois de o jornal The New York Times divulgar, hoje, um relatório interno encarregado à empresa de consultoria suíça Mannet pelo subsecretário de Assuntos Políticos da ONU, Kieran Prendergast.

De acordo com o jornal, o relatório revela o estilo "abusivo e depreciativo" na gestão da divisão eleitoral, liderada pela uruguaia Carina Perelli.

O porta-voz da ONU, Fred Eckhard, afirmou que o vazamento do relatório à imprensa foi "infeliz", mas admitiu que o informe "identifica problemas na gestão da divisão eleitoral que devem ser abordados".

Eckhard disse que foi tomada em 2003 a decisão de pedir o relatório à empresa de consultoria, depois de uma reunião dos responsáveis das diferentes divisões do departamento de Assuntos Políticos para avaliar o trabalho.

Segundo o New York Times, os entrevistados para a elaboração do relatório descreveram a Divisão de Assistência Eleitoral da ONU como "uma família doentia".

Essa divisão é encarregada de ajudar países na preparação e na supervisão de processos eleitorais, como ocorreu no pleito do dia 30 de janeiro no Iraque.

O dossiê recomenda uma revisão "mais exaustiva e de caráter imediato" por parte das autoridades competentes para investigar as denúncias de abusos na divisão.

Segundo o jornal, o relatório reúne as denúncias e os comentários feitos durante uma série de entrevistas por 29 funcionários que trabalham ou trabalharam na divisão eleitoral.

Uma das pessoas mais criticadas no relatório é Perelli, que nos últimos anos teve um papel de liderança na promoção de eleições livres e justas em países como Afeganistão, Timor Leste, Libéria e Haiti.

No relatório, é denunciado o estilo de gestão e a cultura "abusivos e depreciativos" promovidos pela uruguaia na divisão, onde as secretárias e os funcionários políticos "constantemente faziam tarefas para ela e para os funcionários de seu círculo mais próximo".

Segundo o jornal, os trabalhos que esses empregados realizavam incluíam levar os familiares dos beneficiados de carro a diferentes destinos e pagar contas.

Os empregados também denunciaram as "humilhações públicas" impostas por parte de alguns membros da divisão, o uso de recursos do orçamento para viagens injustificadas, especialmente à América Latina, e "favorecimento" de um grupo de funcionários.

Segundo o New York Times, o relatório também aponta que supostos casos de abusos ou assédio sexual foram silenciados devido à "cultura do medo" reinante.

Muitos afirmaram que trabalhar com Perelli, de 48 anos, que é considerada uma estrela em ascensão dentro da organização, "é emocionalmente devastador", acrescentou o jornal.

O relatório foi divulgado em um momento em que a ONU está tentando recuperar sua credibilidade, após uma série de escândalos ligados ao programa humanitário Petróleo por Comida no Iraque, aos abusos sexuais nas missões de paz e às acusações de assédio sexual contra alguns de seus altos funcionários.




Fonte: EFE

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