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Meio Ambiente
Quarta - 23 de Março de 2005 às 06:33

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A Década Internacional da Água foi lançada hoje, Dia Mundial da Água, pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de reduzir à metade o número de pessoas sem acesso a água potável e saneamento básico até 2015. Protestos e cerimônias oficiais marcam o dia criado na Eco 92, no Rio de Janeiro, a fim de chamar a atenção para a crítica situação do mais abundante, porém mais desperdiçado, recurso natural.

Em Paris, líderes do partido ambientalista Les Verts (Os Verdes), desafiaram as determinações municipais e se banharam nas águas do rio Sena para chamar atenção para os problemas dos metais pesados, dos pesticidas e dos fertilizantes utilizados em fazendas e na indústria. O secretário do partido, Yann Wehrling, vestindo uma roupa de mergulho, disse que a manifestação foi uma alfinetada no presidente francês, Jacques Chirac.

"Em 1977 e depois em 1998, Jacques Chirac disse que nadaria no Sena porque estaria limpo. Ele ainda não fez isto", afirmou Wehrling. "Nós fizemos, mas usamos trajes de borracha para proteção porque a água ainda está um pouco perigosa para o banho", acrescentou.

Perto dali, delegados europeus e africanos participavam de uma conferência da Unesco sobre os problemas de água da África. Paradoxalmente, o continente negro tem alguns dos mais poderosos rios do mundo, mas suas populações também têm as maiores necessidades de água do mundo.

Em mensagem aberta lida durante o encontro, Chirac destacou que o crescimento demográfico "está exacerbando as tensões" em países cortados pelos rios Nilo, Congo e Níger. "A água é abundante na África, mas distribuída de forma desigual", afirmou Chirac, que apelou para uma "nova mobilização da comunidade internacional" para resolver estes problemas.

Em países atingidos pela escassez, o lançamento da Década da Água, passou a ter um significado especial. Na Tailândia, o rei Bhumipol Adulyadej supervisionou pessoalmente uma operação denominada semeadura de nuvens, quando produtos químicos são disparados contra as nuvens para provocar a chuva, para aliviar a seca que castigava 71 de suas 76 províncias, secando reservatórios e comprometendo os cultivos de arroz.

Em Pequim, a cidade alertou que uma severa falta d'água ocasionaria um futuro salto nos preços da água, de até 20%, após um aumento de 25% em 2004. "A água é um recurso estratégico e precioso, portanto os preços da água continuarão a subir", disse o chefe do Escritório do Serviço de Águas de Pequim, Jiao Juzhang

Na Suécia, o Centro para a Ciência e o Ambiente (CCE), uma organização ambientalista indiana, anunciou nesta terça-feira o ganhador do prêmio de 150 mil dólares do Stockholm Water Prize, concedido por seu trabalho na coleta de água da chuva. A organização receberá o prêmio das mãos do rei Carl XVI Gustaf durante cerimônia na prefeitura de Estocolmo, em agosto próximo.

Mais de um bilhão sem água potável

Cerca de 2,4 bilhões de pessoas não têm sanitários ou esgoto e 1,1 bilhão não têm nem mesmo acesso à água potável. Todo dia, um número estimado em 22.000 pessoas, a metade delas crianças, morrem de doenças provocadas por água contaminada, tais como febre tifóide, cólera, malária e diarréia. Os cientistas dizem que o risco de falta d'água - e também de alimentos - deverá aumentar nos próximos anos, pois os efeitos do aquecimento global afetam os padrões pluviométricos.

As Metas do Milênio sobre a Água foram determinadas no ano 2000 e reafirmadas durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, celebrada em Johannesburgo, África do Sul, em 2002. Até agora, as promessas demonstraram ser vazias porque os membros da ONU não fizeram qualquer provisão para as centenas de bilhões de dólares de novos investimentos necessários.

Atingir estes objetivos significa fornecer saneamento para mais de 300 mil pessoas adicionais por dia e água limpa para cerca de 150 mil pessoas por dia. Entretanto, a ajuda pública para projetos relacionados à água caíram de US$ 2,7 bilhões em 1997 para apenas US$ 1,4 bilhão em 2002, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e desde então estagnou-se neste nível. De fato, menos de 5% da ajuda do desenvolvimento multilateral vai para projetos relacionados com a água.




Fonte: AFP

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