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Politica Brasil
Quarta - 16 de Março de 2005 às 21:25
Por: Sérgio Fernandes

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A deputada estadual Verinha Araújo (PT) criticou o deputado Zeca D’Ávila (PFL) pelo uso de matérias, que considerou “sob suspeição”, para criticar o Partido dos Trabalhadores. “Entendo o seu preconceito contra o PT, mas o senhor não pode continuar usando, nesta tribuna, de matérias sensacionalistas para falar mal do partido”, disse Verinha na sessão de terça-feira à noite na Assembléia. A deputada contestou Zeca D’Ávila pela utilização, em pronunciamento, de uma matéria publicada pela revista Veja, na qual é alegado o apoio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para o financiamento de candidaturas do PT.

Verinha lembrou que há duas semanas o deputado Zeca D’Ávila já havia se utilizado da tribuna para ler outra reportagem contra o PT. Nesta, acusava-se um membro do partido pela morte da missionária Doroty Stang, no Pará. Até o momento, as investigações policiais negam esta versão, pois os indícios e pessoas já presas apontam a autoria para um fazendeiro da região.

Além de contestar o deputado do PFL, Verinha leu uma nota oficial do PT, assinada pelo presidente do partido, José Genoino, criticando a revista Veja. Genoino classifica a reportagem intitulada “Tentáculo das Farc no Brasil” como “irresponsável”, por lançar “um ataque à honra do partido sem provas consistentes”.

Esta é a íntegra a da nota lida pela deputada:

O Partido dos Trabalhadores vem a público declarar seu repúdio à matéria de capa publicada pela revista Veja desta semana, intitulada “Tentáculos das Farc no Brasil”. A referida reportagem, ao arrepio da verdade, trata de estabelecer supostos vínculos financeiros entre petistas e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Esta intenção inescrupulosa está registrada sob o título: “Espiões da Abin gravaram representante da narcoguerrilha colombiana anunciando doação de 5 milhões de dólares para candidatos petistas na campanha de 2002”.

A matéria tem como única fonte um lote de supostos documentos da Abin, eventualmente elaborados por agente infiltrado em uma festa, na qual o padre Olivério Medina, apresentado como “embaixador” das Farc em território brasileiro, teria declarado sua intenção de apoiar financeiramente candidatos petistas nas últimas eleições gerais. Não há, no entanto, reprodução de nenhum destes documentos: a revista alega, segundo consta do próprio texto, que foi esta a pré-condição para que tivesse acesso às presumidas “informações secretas”. Tampouco qualquer das testemunhas presentes à festa citada, das diversas ouvidas por Veja, corrobora o fato narrado pela revista, sequer apelando para o sigilo de uma declaração em off.

Não bastasse a irresponsabilidade no levantamento dos fatos, que são levados ao leitor sem evidências ou provas sustentáveis, a reportagem fica definitivamente desmascarada quando revela, com todas as letras, que a revista “não encontrou indícios suficientemente sólidos de que os 5 milhões de dólares tenham realmente saído das Farc e chegado nos cofres do PT”. Logo a seguir, o artigo assinado por Policarpo Jr. esclarece o que entende por “suficientemente sólidos”, ao deixar claro que “a investigação de Veja não avançou um milímetro” na comprovação desta suposta movimentação financeira. Mesmo assim, os editores da publicação não hesitaram em estampar, na capa da revista, como um fato averiguado, que o representante das Farc anunciou a doação milionária para petistas.

Vale lembrar que a exploração deste tema, as relações da guerrilha colombiana com o PT, não é uma novidade. Nas eleições presidenciais de 2002 o então candidato do PSDB, José Serra, também foi por este caminho, em seu programa de televisão. O Tribunal Superior Eleitoral considerou denúncia vazia sua desesperada tentativa eleitoreira, concedendo imediato direito de resposta ao nosso partido. Também não se deve esquecer que os supostos documentos que teriam inspirado a revista Veja foram datados em 25 de abril de 2002, quando era presidente da República o sr. Fernando Henrique Cardoso e muitos arapongas andavam como serpentes pelo país, em busca de alguma situação que pudesse impedir a livre vontade do povo brasileiro de votar por mudanças.

Por fim, em respeito à opinião pública, reiteramos que o Partido dos Trabalhadores não tem e jamais teve relações financeiras com as Farc. Tampouco apóia, no país vizinho, qualquer saída para a longa situação de beligerância vivida pelos colombianos que não esteja baseada em um acordo democrático, pacífico e constitucional. O PT tem posição histórica contra o terrorismo de Estado ou de grupos armados. No mais, são inumeráveis as provas de que a política do PT é marcada pelo respeito à auto-determinação dos povos e à soberania das nações, a partir de uma política de não ingerência nos assuntos internos de cada país. Em nenhuma hipótese aceitaríamos, portanto, que nossa vida política sofresse a interferência de governos ou grupos estrangeiros de qualquer origem.

Consideramos a reportagem da revista Veja, pelos motivos apresentados, uma agressão à verdade dos fatos, à honra do Partido dos Trabalhadores e à ética jornalística. Aventuras deste naipe prejudicam a vida democrática de nosso país. São Paulo, 12 de março de 2005

José Genoino Neto Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores

Além da nota, Verinha informou também que o registro de capitais estrangeiros do Banco Central, que é disponível para consulta pública pela internet, registra não ter ocorrido nenhuma entrada de capital proveniente de Trinidad e Tobago em 2002 e em 2003 no Brasil. Estas informações, disponíveis num release do site do PT nacional, demonstrariam que a revista Veja não checou as informações obtidas sobre uma suposta ligação do PT com as Farc antes de transformá-las em assunto de capa.




Fonte: Da Assessoria/AL

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