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Sábado - 12 de Março de 2005 às 12:33

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Sete anos após sua estréia solo, Cris Braun, ex-vocalista do Sex Beatles, retorna com Atemporal (Psicotronica), um álbum calmo e contemplativo. "Durante dois anos, eu, o Gustavo Corsi e o Billy Brandão trabalhamos nisso. Nós tínhamos esse conceito muito fechado. Nunca vi uma coisa tão perfeita", diz Cris, em entrevista ao Terra, contente com o resultado final do álbum.

Além de quebrar um silêncio de sete anos na mídia (Cris trabalhou intensamente em diversos projetos durante este tempo que não foram lançados), Atemporal marca a estréia da cantora como compositora: três canções do álbum são assinadas por ela, música e letra. Outras quatro são divididas com parceiros, e Cris ainda relembra Nenhuma Dor, de Caetano Veloso, e Falso Amor, de Jair Oliveira.

A presença de Caetano em Atemporal com Nenhuma Dor (do primeiro álbum do cantor, Domingo, de 1967, dividido com Gal Costa) explicita um romance com a MPB que havia sido exibido na estréia solo (Cuidados Com Pessoas Como Eu, 1998), que trazia uma versão para Bom Conselho, de Chico Buarque. "Eu tenho um comportamento rock'n'roll e uma alma MPB", justifica a cantora, que se destacou como vocalista do Sex Beatles, uma banda com atitude "glam rock". "O Atemporal sou eu, mas quando você me vê você acha que eu sou uma Courtney Love", brinca.

A paixão por MPB é algo de infância. "Eu ouvi tudo isso na minha adolescência. Morei em Maceió, e no nordeste se ouve música brasileira. Muito. Cultiva-se isso. E eu ouvia Maria Bethânia, Alceu Valença, Caetano, Gil, Chico. Ouvia muito, e estava impregnado em mim", conta Cris, que ainda planeja gravar um disco especial. "Um dia, quando eu for gente grande, vou fazer um disco só de Chico Buarque. Quando eu for gente bem grande mesmo. Eu amo Chico Buarque", diz.

Atemporal começou a se desenvolver após a mudança de Cris Braun da cidade para a serra fluminense. A calma do local inspirou a cantora. "Tudo é mais lento. Não tem barulho. E você acostuma. É um timing natural, que eu queria que o Atemporal tivesse. Porque eu sou da tese de que estamos todos sofrendo por conta de termos perdido o ritmo natural", acredita. Para Cris, as pessoas precisam voltar ao timing natural. "A única coisa que tem que ser rápida é a Internet, o resto tem que ser devagar. (risos) Temos que acompanhar o ritmo da natureza", aposta.

Entre o Céu e a Terra abre o disco combinando guitarra, violão e bandolim em uma bonita balada que desenha a paisagem que Cris contempla: "Tudo é tão lindo / É só olhar que não há metáfora / E olha que a metáfora é a coisa mais linda / Que há na língua". Bom Dia é uma parceria com o músico Billy Brandão, e que conta com Paula Toller, do Kid Abelha, nos vocais. "Ficou super bonita na voz dela", acredita Cris. "Essa música é um escândalo. É uma daquelas que eu olho pra ela e ela já é uma terceira pessoa. Aquilo já é uma obra, não é mais meu. Eu a acho perfeita, muito bonita", opina. Bom Dia conta com piano, baixo acústico e guitarras fazendo a cama para as vozes de Cris e Paula "dançarem" em uma letra contemplativa.

A versão de Nenhuma Dor traz Celso Fonseca no violão e na programação eletrônica enquanto a própria Cris toca violão na faixa que título ao disco. Tudo Pode (outra parceria com Billy) resume que tudo pode ser feito, "só não pode mentir / só não vale negar". Destaque para os efeitos da guitarra e para a percussão de Eduardo Lira. Falso Amor, de Jair Oliveira, é samba de primeira grandeza enquanto Quase Ao Alcance do Olhar destaca novamente a guitarra, e também o e-bows, agora de Gustavo Corsi. "Eles - Gustavo Corsi e Billy Brandão - são mestres em pedais. É impressionante. Estou só com os dois aqui e parece uma orquestra", diz Cris Braun.

"As noites me cansam", diz a letra de Drum And Bass Is Past, que traz o sax de George Israel e é mais uma brincadeira e uma constatação do que uma provocação. "Não tem nenhuma referencia com o ritmo, a não ser a mesma questão da velocidade. Do final dos anos 90 pra cá, tudo ficou subdividido. E o pulso do coração é 'pum, pum, pum, pum'. E eu pensei: de novo isso. Drum and Bass é uma coisa que subdivide o ritmo pra caramba e acelera como os corações urbanos. É uma brincadeira ter chamado a música de Drum And Bass Is Past. Já era. Vamos voltar ao ritmo normal. Mas não tem referencia musical, é uma metáfora", justifica.

Fechando o álbum, Magda, uma parceria com Paula Toller e Billy Brandão. A parceria rolou em um jogo de futebol. "A gente tem um time chamado Rebola. Nessa época jogavam a Fernanda Abreu e a Paula Toller. E a Paula perguntou se eu fazia música, e eu disse que só fazia porcaria, e ela 'me mostra, me mostra, me mostra'. Eu mostrei e começou uma parceria que rola até hoje. Ela que me lançou como compositora mesmo, com Como é Que Eu Vou Embora. Eu mandei isso pra eles (Kid Abelha) e trabalhamos juntos nessa música, e foi um hit. Daí, então, pensei: posso trabalhar nesse lado composição", diz Cris.

Disco lançado, hora de pensar no show. "Estamos preparando. Não sei se vai ter o disco inteiro, acho que vão ficar duas fora, mas vamos acrescentar Arnaldo Antunes (Pedido de Casamento), vamos colocar, talvez, Gentle Giant ou Emerson, Lake & Palmer, alguma loucura assim", adianta Cris, que acredita que "tem que se viver um dia após o outro mesmo". Enquanto prepara o novo show, o disco Atemporal chega às lojas em perfeita sintonia com o slogan da gravadora Psicotronica, que o lançou: música para durar.





Fonte: Terra

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