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Internacional
Quarta - 09 de Março de 2005 às 17:40

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Após renunciar ao cargo de primeiro-ministro do Kosovo, o ex-guerrilheiro albano-kosovar Ramush Haradinaj chegou a Haia hoje, quarta-feira, para ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII).

Haradinaj é acusado de cometer crimes de guerra contra a população sérvia durante o conflito do Kosovo, entre 1998 e 1999.

O ex-primeiro-ministro deixou a cidade de Pristina acompanhado do também acusado e ex-guerrilheiro do Exército de Libertação do Kosovo (UCK) Lahi Brahimaj, confirmaram à EFE fontes do TPII.

Haradinaj, de 36 anos, é a primeira pessoa a ser intimada pelo TPII no momento em que ocupa a chefia de um governo. O ex-primeiro-ministro, que assumiu o cargo em 6 de dezembro, era um comandante destacado e um dos fundadores da guerrilha do UCK, que lutava pela independência do Kosovo em relação à ex-Iugoslávia.

Após o conflito (1998-99), esta província sérvia de maioria albanesa foi declarada como protetorado da ONU e as negociações sobre seu estatuto definitivo podem começar este ano.

Durante sua permanência em Haia, Haradinaj será substituído no cargo pelo vice-primeiro-ministro do Kosovo, Adem Saliha.

Durante a guerra do Kosovo, o acusado dirigiu a divisão do UCK conhecida como "Águias Negras", que teriam assassinado e seqüestrado civis sérvios durante o conflito.

Também se suspeita que essa unidade tenha assassinado 40 civis albaneses e sérvios em 1998, nas imediações do povoado natal de Haradinaj, Glodjane, no oeste do Kosovo, segundo a imprensa holandesa.

Haradinaj começou sua carreira política no final de 2000 e fundou a Aliança para o Futuro do Kosovo (AFK).

Somente três albano-kosovares, ex-oficiais do UCK, estão sendo julgados desde novembro passado pelo TPII por causa de sua responsabilidade nos crimes cometidos durante a guerra.

São os albano-kosovares Fatmir Limaj, Isak Musliu e Haradin Bala, que são acusados de torturas e assassinatos de sérvios e albaneses em Lapusnik, na região ocidental kosovar de Drenica, entre maio e junho de 1998.

Um quarto albano-kosovar, Agim Murtezi, que foi transferido para Haia em 18 de fevereiro de 2003, também chegou a ser processado, mas dez dias depois o TPII retirou as acusações e ele foi libertado.

Além disso, nas dependências da prisão do TPII em Haia está o albano-kosovar Beqa Beqaj, suspeito de intimidar possíveis testemunhas do Tribunal e que ontem ganhou liberdade provisória até o início do julgamento.

O resto dos acusados pelo conflito do Kosovo são sérvios. Três generais sérvios acusados de crimes de guerra cometidos durante o conflito ainda estão foragidos.

Haradinaj sustenta que a acusação contra ele "se baseia em mentiras de Belgrado e é resultado de um negócio que alguns fizeram com o governo sérvio para que criminosos sérvios sejam extraditados para Haia".

Além disso, o ex-premier acusou o TPII de tratar da mesma forma "os lutadores pela liberdade e os agressores, que destruíram nações inteiras e transformaram a região em escombros".

Em novembro de 2003, a procuradoria do TPII anunciou que não julgaria outros altos funcionários sérvios por crimes de guerra cometidos no Kosovo, mas afirmou que abriria investigações contra alguns membros do UCK.





Fonte: EFE

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