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Esportes
Sábado - 05 de Março de 2005 às 12:33
Por: Luiz Maritan

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A avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo, divide dois mundos. De um lado, os centros de treinamentos de São Paulo e Palmeiras, que ilustram o sonho dourado do futebol brasileiro. Do outro, no campo do Nacional, um grupo de jogadores desempregados corre atrás da bola e do sonho de, um dia, estar do outro lado da avenida.

Membros do projeto "Estou sem clube", eles fazem parte de elenco que se reúne e treina para manter a forma à espera de uma chance em alguma equipe. No total, são 38 atletas que trabalham sob o comando de Ivair, ex-jogador da Portuguesa.

As dificuldades enfrentadas no dia-a-dia, no entanto, não diferem muito da grande parcela da população brasileira que busca um lugar no mercado de trabalho.

"Às vezes, eu fico desanimado, chateado. Minha cabeça fica um trevo porque ninguém quer ficar desempregado", afirma o zagueiro Rafael, de 22 anos.

Em 2004, ele atuou pelo América, de Goiás. Ao final do contrato, teve uma proposta da Anapolina, mas não aceitou o contrato proposto. Ficou sem emprego e está há quatro meses no projeto.

Sem salário, Rafael conta com a ajuda dos familiares para continuar em busca do seu sonho.

"Eu moro com a minha irmã e com o marido dela. Não sou de pedir, mas, às vezes, minha mãe me ajuda. Não peço, deixo dar se quiser. Tenho de manter a tranqüilidade. Se desesperar, tudo fica ainda pior", diz.



"Já pensei em parar e fazer outra coisa. Mas, quatro meses de luta e eu vou desistir? Se eu parar, vou encarar como quatro meses perdidos", completa o zagueiro, que fez o primeiro ano do curso de Educação Física antes de ir jogar em Goiás. A situação dele poderia ter mudado no início do mês. O jogador teve uma proposta para jogar no Itacuruba, time da primeira divisão do Campeonato Pernambucano. Um problema com datas, no entanto, inviabilizou a transferência.

"A inscrição acabou no dia 1º e não tínhamos como ir para lá, mas existe a possibilidade de eu ir para lá em junho, para a Série C do Campeonato Brasileiro", conta, esperançoso.

As dificuldades da falta de um clube mexem com a vida até de quem já obteve algum sucesso no futebol. Com passagens por Botafogo, Bahia e até pelo futebol sueco, o atacante Daniel também se preocupa com a situação.

"A preocupação começa quando está te afetando, mas estou conseguindo me segurar com o que eu ganhei fora. Mas quando você vê que está só saindo e nada entrando, você fica ansioso", afirma o jogador, que acompanha o sofrimento dos companheiros do projeto.

"Tenho certeza que muita gente não tem condição nenhuma. Geralmente é um empresário que ajuda. É algo bastante diferente do que as pessoas pensam do jogador de futebol. Alguns têm muito dinheiro, outros têm de ser ajudados", completa o jogador.





Fonte: Terra

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