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Cultura
Sexta - 25 de Fevereiro de 2005 às 08:03
Por: Alessandra Bastos

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Brasília - Mais de mil pessoas estão reunidas desde segunda-feira (21), no Complexo Cultural da Fundação Nacional da Arte (Funarte), com o objetivo de eleger dez propostas prioritárias para preservar e promover a diversidade da cultura popular. Elas participam do I Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares.

Cada estado trouxe para o encontro dez propostas discutidas em oficinas locais. Agora, pela primeira vez, eles se juntaram para conversar e mostrar ao Norte a cultura do Sul, ao Centro-Oeste as danças do Nordeste e criar um elo, unindo todo o país. "Como fazer políticas públicas que abranjam esse mosaico? Abrindo as janelas e dizendo Brasil, mostra a tua cara, como na canção de Cazuza", afirma o secretário da Identidade e Diversidade Cultural do ministério da Cultura, Sérgio Mamberti.

Ao participar do encontro, o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, reafirmou o compromisso do ministério com as propostas do seminário. "O ministério da Cultura assume o compromisso de fazer desde seminário um ponto de partida de uma nova relação entre Estado e diversidade cultural brasileira. Temos a responsabilidade de fazer com que todas as culturas brasileiras possam se expressar".

As propostas são as mais variadas. São Paulo pede políticas que permitam resguardar a cultura popular dos efeitos redutores da indústria cultural. Sergipe sugere a criação de conselhos municipais de cultura. O Pará quer um orçamento participativo do governo federal para as culturas populares. O Distrito Federal prioriza incluir as culturas populares na grade curricular das escolas. O Ceará acha importante uma lei federal de reconhecimento dos mestres populares. A Bahia fala em criar e manter espaços públicos nos estados e o Sergipe em uma campanha educativa nacional de mídia em defesa das culturas populares.

O embaixador Edgard Telles Ribeiro, do Ministério de Relações Exteriores afirma que é preciso buscar alternativas para a diversidade regional. "Estamos cansados de ver a predomínio do eixo Rio-São Paulo sendo projetado no exterior, é hora de abrir caminhos para outras regiões do Brasil e descobrir as culturas escondias". Juca Ferreira ressalta que "quando assumimos o ministério, 87% dos recursos estavam no eixo Rio-São Paulo".

Para o embaixador, não há face melhor para se mostrar que a cultural. "O comércio pode atrair, a política pode impressionar, o poderio militar pode intimidar algum vizinho, mas a cultura seduz e elimina fronteiras". Já Juca Ferreira lembra que "não podemos nos acomodar num processo de hegemonia em que diariamente desaparecem culturas e línguas, empobrecendo séculos de vivência". Emocionado, durante a abertura do encontro, o ministro deixou de lado o discurso preparado para falar de improviso.

Enquanto os políticos discutiam, os repentistas cantavam vivas pela música brasileira e não pela internacional: "New Kids on the Block/ e vinte festivais de rock / não chegam aos pés do meu forró. / Madonna não funciona / George Bush também / Não troco o meu ’ó xente’ pelo ‘ok’ de ninguém".





Fonte: Agência Brasil

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