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Politica Brasil
Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 12:07
Por: Onofre Ribeiro

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O governador Blairo Maggi retorna de viagem e encontra um incêndio crescendo nas bases governistas gerando a possibilidade de um entendimento amplo de oposição das lideranças políticas históricas de Mato Grosso.

Tudo tem uma causa só: espaços políticos.

O governador tem fechado muito esses espaços. Ou melhor, na sua crença, abriu o suficiente. Mas o seu suficiente não é o suficiente desejado.

Por outro lado, pouco habituado a conversas políticas nesse nível de entendimento, o governador lida diretamente com as questões e se expõe como a primeira e a última instância. Na linguagem política isso é suicídio, porque ele bate e rebate sozinho todas as demandas que lhe chegam.

Portanto, os problemas políticos que enfrentará nessa sua volta da viagem internacional, precisariam de um interlocutor que fizesse o meio de campo das conversas para o governador só entrar no processo e decidir quando tudo estivesse aplainado.

As coisas funcionam assim: políticos mandam recados, blefam, conversam, desconversam, fazem sinais, desmentem os sinais, jogam mais do que devem e no final acertam o que não se acertou e nem se discutiu. É uma linguagem complicada e demorada. Um governador do tipo político, tem paciência e gosta desse jogo. Aliás, mais do que gosta: adora! É uma linguagem subjetiva, cheia de “devorteios”, como se diz na linguagem caipira para aquele tipo de conversa onde ninguém diz nada. E um exercício de poder fantástico.

O governador Blairo Maggi é do tipo pragmático. Logo, não é um interlocutor adequado para apagar os incêndios provocados por atores poderosos da política mato-grossense. Alguns são de partidos próximos seus e outros como o PSDB são adversários. Mas o fogo não tem partido.

E tem mais uma coisa. As conversas políticas são sempre longas porque o processo tem uma maturação que também costuma ser longa. Por isso seria ideal que o governo tivesse um interlocutor político que, a rigor, nem fosse do grupo do agronegócio, conhecido como “turma da botina”. Esse grupo de pessoas é muito fiel e se subordina ao mando do governador. Por isso, não está habituado a discutir duro com o chefe e demovê-lo de teses, até porque, eles próprios não têm maior vivência política.

Interlocutor político tem que ser político, senão será mais uma vítima da predação das conversas e dos interesses que não forem resolvidos.

Mas por que uma interlocução qualificada?, perguntaria o leitor. Simples. Neste momento está se armando um tsunami de forças políticas contrariadas que vai desaguar no Palácio Paiaguás. São descontentes de muito poder, como: deputados estaduais José Riva, Humberto Bosaipo e mais outros, o deputado federal Pedro Henry, o ex-governadores Jaime Campos, do PFL, e Dante de Oliveira, do PSDB, e toda uma onda agregada.

Todos estão cientes de que no ano que vem serão engolidos pelo governador se não estiverem armados ou tiverem negociado desde já os seus interesses gerais e particulares.

Talvez, pela primeira vez, o governador Blairo Maggi precise refletir longamente sobre as questões políticas em seu governo que até agora vinha correndo manso.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.




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