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Internacional
Segunda - 21 de Fevereiro de 2005 às 23:41

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O governo interino do Iraque, apoiado pelos Estados Unidos, está intensificando sua guerra de propaganda junto aos insurgentes, transmitindo entrevistas em vídeo com suspeitos que parecem confessar mortes, estupros e roubos cometidos por ordem das guerrilhas.

A iniciativa está sendo realizada pela TV estatal Iraqiya, que transmite longos interrogatórios de iraquianos afirmando ter cometido atos terroristas sob as ordens de "Abdulá", descrito como um criminoso ligado à Síria.

Não havia como verificar imediatamente a autenticidade das confissões. O rosto de quem interroga não aparece, e os suspeitos estão sentados em cadeiras de escritório com um fundo branco.

As autoridades iraquianas acusam a Síria de permitir aos guerrilheiros cruzar sua fronteira para entrar no Iraque e realizar ataques, além de deixar que partidários de Saddam Hussein vivam no país.

Damasco nega as acusações e afirma que reforçou a segurança ao longo da extensa fronteira com o Iraque.

Na segunda-feira, uma TV estatal do norte no Iraque reproduziu um vídeo mostrando o que afirmou ser um agente da inteligência síria acusado de plantar bombas de beira de estrada e atacar soldados dos EUA.

A TV Nineveh, na cidade de Mosul, disse que o homem é um guerrilheiro sírio que trabalha para a inteligência síria. Não havia como confirmar a veracidade da informação.

Os suspeitos mostrados pela TV Iraqiya parecem tranquilos, respondendo longamente às perguntas, chamando o interrogador de "meu mestre" e explicando como ajudaram a matar policiais ou roubar para as guerrilhas.

Antes de cada depoimento, a TV mostrava imagens de insurgentes mascarados jogando um refém no chão e o decapitando.

Um dos suspeitos, cujo depoimento foi transmitido no domingo, disse que recebeu 500 dólares para ajudar a roubar 30 mil dólares e matar o dono do dinheiro. Ele disse que os insurgentes usaram o dinheiro para financiar suas atividades.

"Abdullah disse que meus filhos seriam mortos se eu não obedecesse", disse ele. "Usei o dinheiro roubado para jogar." O investigador o incentivava a falar de "crimes cruéis" e mencionava constantemente a Síria.

Muitos espectadores desconfiam dos programas. "Isso é fabricado. Não é verdade", disse o motorista Muhannad Muhammad.

A guerra de propaganda tem sido um marco no Iraque desde a invasão liderada pelos EUA, em março de 2003. Os insurgentes divulgaram imagens de reféns apavorados usando uniformes como os dos prisioneiros da base norte-americana de Guantánamo. Alguns foram decapitados diante das câmeras.

Outros vídeos mostram militantes se despedindo das famílias e montando bombas antes de ataques suicidas. A Iraqiya transmite frequentemente longas entrevistas com o premiê interino Iyad Allawi e programas com a participação dos telespectadores. Mas a programação não é tão atrativa quanto as confissões.

Um dos interrogados descreveu como ele e vários outros, incluindo Abdullah, sequestraram uma mulher de 20 anos, a colocaram no porta-malas e então a estupraram e mataram.

"Você não tem consciência?", perguntou o entrevistador. O homem respondeu que a intimidação e a pobreza os levou a se unir aos insurgentes e a roubar e matar inocentes.





Fonte: Reuters

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