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Meio Ambiente
Segunda - 21 de Fevereiro de 2005 às 06:31

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Os detectores de partículas cósmicas poderão, em um futuro próximo, ser uma arma de prevenção eficaz contra o terrorismo nuclear. Eles vão permitir a rápida inspeção de carregamentos suspeitos.

Os raios cósmicos foram utilizados para investigar o interior da grande pirâmide de Quefren. Esta técnica de detecção trabalha com partículas muón, que são mais potentes que os raios-X ou gama utilizados para inspecionar os milhões de contêineres que entram nos Estados Unidos por estradas, portos e aeroportos, explicou o físico Chris Morris, do Laboratório Nacional Los Alamos, em uma apresentação este final de semana na conferência da Associação Americana para a Promoção da Ciência (AAAS).

Morris salientou que as técnicas radiográficas atuais são ineficazes para detectar material nuclear oculto sob espessas camadas de metal pesado. Além disso, os raios naturais de muón não apresentam perigo de radiação para os inspetores ou passageiros dos veículos inspecionados, ao contrário do que acontece com os raios-X e gama.

A possibilidade de um ataque terrorista contra os Estados Unidos com uma bomba nuclear ou radiológica preocupa as autoridades americanas desde os atentados de 11 de setembro, já que é impossível revistar todos os carregamentos que entram no território. Somente 5% dos milhões de contêineres que chegam aos portos são inspecionados, segundo estimativas oficiais.

"Acreditamos que superamos todos os obstáculos conseguindo fabricar um protótipo capaz de responder às diferentes necessidades de inspeção", afirmou o cientista, que trabalha nesse projeto com os físicos Larry Schultz e Rick Chartrand em Los Alamos, Nova México (sudoeste). A radiografia com raios de muón é mais eficaz do que as atualmente utilizadas, já que esses milhares de milhões de partículas que bombardeiam constantemente nosso planeta possuem energia suficiente para penetrar profundamente em rochas ou metais pesados.

Desta maneira, os materiais que possuem um núcleo atômico muito denso, como o plutônio, o urânio e o chumbo, produzem um campo eletromagnético mais potente, que desvia o fluxo de muóns muito mais do que os metais pesados como o aço ou o alumínio. Como os muóns chegam à Terra em linha reta e em todos os ângulos, seria preciso ter dois detectores que controlassem a entrada dessas partículas em um caminhão, automóvel ou contêiner, e outros dois que controlassem sua saída, explicou Schultz.

"Todo desvio dos raios de muón permite detectar e localizar um objeto de grande densidade que se encontre no interior de algo, e também diferenciar os materiais, o que não pode ser feito pelos detectores de raios-X ou gama", explicou. Graças a um programa informático com as descrições dos diferentes tipos de material, o computador é capaz de reconhecer uma bomba, materiais nucleares ou se houver um invólucro de chumbo para dissimular os raios, afirmou Schultz.

"A taxa de erro, que inclui falsos alarmes e equívocos, é inferior a 3% e podemos ainda melhor isso", destacou Chartrand. Um detector de muóns, que possui um custo de milhão de dólares, permitiria verificar o conteúdo de um automóvel em 20 segundos e de um contêiner de um caminhão em um minuto.

Os detectores de muón também são utilizados no Japão para observar o interior de dos vulcões e prever melhor as erupções. O geofísico Kanetada Nagamine, do laboratório científico KEK, explicou à imprensa que, junto a sua equipe, examinou vários vulcões no Japão e mediu a quantidade de lava na cratera do monte Asama.




Fonte: AFP

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