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Politica Brasil
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 20:09
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Em outubro de 2003 quatro garimpeiros foram assassinados dentro da Reserva Indígena Roosevelt. O governo Federal foi comunicado da possibilidade de novos confrontos, mas nada fez. Seis meses depois, mais 29 garimpeiros foram brutalmente mortos no mesmo local. A comissão externa da Câmara Federal que estava apurando a chacina levantou indícios de que o coordenador regional da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) estaria no comando de um esquema de recebimento de propina para facilitar o contrabando de diamantes na Reserva. Estariam também envolvidos no esquema outros funcionários da Funai e membros das polícias Federal e Florestal, segundo parecer da comissão. Em novembro de 2004 cinco sem-terras foram mortos no Vale do Jequitinhonha. Neste caso os culpados eram fazendeiros que tiveram suas propriedades invadidas e destruídas. O governo Federal tinha pleno conhecimento da tensão na região e da aproximação de um conflito maior. Nada fez. Apenas esperou. Na semana passada uma missionária norte-americana foi assassinada com seis tiros. Ela vivia em uma área de constante conflito agrário e vinha recebendo ameaças há pelo menos seis meses. O governo federal sabia, mas esperou. Antes de completar uma semana da morte da freira, mais três pessoas foram mortas na mesma região, mesmo com o governo federal se empenhando na investigação, demonstrando a total falta de autoridade do Estado. Toda essa violência e mais outras incontáveis atrocidades, são geradas por conflito agrário, um problema crônico no Brasil e que está se tornando uma ameaça à soberania brasileira. Claro que essas questões são anteriores ao governo do PT, mas sempre foi e ainda é usada pelo partido dos trabalhadores como instrumento político. O presidente da República e seus Ministros podem ter poder, autoridade, mas pergunto aos leitores, a história dá-lhes legitimidade para impedir a ação desses criminosos? Muitos dos atuais governantes usaram e ainda usam a discórdia extremada como arma política. Lula, ao dizer em um dos seus “discursos” que “rico não gosta que pobre estude”, está incitando conflito entre classes sociais. Está criando discórdia e no mesmo momento paga juros escorchantes aos banqueiros, os “ricos” que ele diz abominar. Onde não há presença direta um representante do governo federal no ato em si, há a ausência de qualquer ordem ou poder que deveria ser exercido pelo próprio Estado. Entendo que deva ser difícil, depois de tantos anos alimentando essas questões, olhar para a cara desses, antes insuflados, e dizer: “agora somos governo e vocês não podem desrespeitar a Lei, nossa obrigação é fazê-la cumprir”. Mas convenhamos, quem já teve cara de, na frente de 180 milhões de brasileiros, abraçar os Sarneys e os Barbalhos da vida e fazer acertos para livrar o Maluf de acusações “por falta de provas”, comunicar que agora tem o dever de cumprir a Lei, é moleza. O governo Federal não atirou na missionária, mas deixa existir uma máfia dentro das instituições públicas que extorquem os madeireiros, criam alvarás, licenças e tudo que empurre o produtor para a ilegalidade, porque nesses casos as propinas cobradas costumam ser gordas. O Governo Federal não mandou ninguém matar a freira, mas deixa agir debaixo de suas barbas, quadrilhas de “profissionais da grilagem” de terras da qual participam funcionários do INCRA (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), conforme relatório da Polícia Federal do Pará. Não foram os atuais ocupantes do governo federal que atocaiaram a missionária, mas são eles que vivem mancomunados com ONG’s multinacionais que, por interesses, muitas vezes alheios à nação, decretam e decidem onde se deve ou não preservar, quem tem ou não tem direito explorar a sua área. É, daqui pra frente não precisaremos mais contar os mortos assim que seus corpos toquem o chão. Podemos pré-contar os cadáveres enquanto ainda estão em pé, afinal, o Senhor Secretario Especial dos Direitos Humanos Nilmário Miranda, que ganhou de presente o título de Ministro, vai fazer um intercâmbio cultural. Vai se aperfeiçoar e conhecer o que é “Direito Humano”. Na China. Será que depois desse intercâmbio, as famílias dos executados terão que pagar as balas para o governo? Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br / Blog http://argumento.bigblogger.com.br




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