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Politica Brasil
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 20:08
Por: Onofre Ribeiro

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Participo de um grupo de discussões na internet, chamado “DefesadeMatoGrosso”, coordenado pelo arquiteto José Antonio Lemos. O grupo é bem eclético e ativo. Nasceu há três anos para criticar as propostas sobre a divisão do estado que pipocavam naquele momento. As propostas esfriaram e o grupo continuou discutindo.

Nas últimas semanas discutiu muito sobre como Cuiabá está mal cuidada e feia. O parâmetro de comparação é Campo Grande, cidade contra quem Cuiabá sempre alimentou e também sofreu pesadas recriminações e diferenças históricas. É bom lembrar que até 1979 Campo Grande era a segunda maior cidade de Mato Grosso e a disputa com a capital era ferrenha.

Campo Grande é uma cidade rica, capital de um estado mais pobre do que Mato Grosso. Mas teve a sorte de ser bem gerenciada por prefeitos competentes desde que se tornou a capital de Mato Grosso do Sul. Tem ruas largas, belas avenidas, muitas praças e os espaços urbanos respeitados e bem cuidados. Cuiabá, ao contrário, é uma cidade pobre de um estado rico. E tem sido administrada como se fosse corrutela. Nos últimos anos, então...!

Na última sexta-feira assisti a uma palestra do prefeito Wilson Santos para empresários, no Hotel Fazenda Mato Grosso, onde prestou contas do seu curto período de administração, e falou de planos.

Detive-me em dois pontos. Um, a sua percepção dos ipês que florescem na avenida que passa defronte à estação rodoviária e em quase toda a cidade, não são vistos e nem amados pelos habitantes da cidade. Em junho, florescem os ipês rosas, em julho os roxos e os brancos (os raros piritingas), em agosto os ipês amarelos e no começo de setembro os ipês de cerrado conhecidos como “paratudo” ou “pratudo”.

De fato, os ipês dão um tom colorido à cidade mal-percebido, porque ninguém usou-os como marketing das belezas naturais que o clima tropical cuiabano pode produzir. O prefeito lembrou bem que em outros países os ipês seriam motivo do mais profundo orgulho de uma cidade ou região. Em Cuiabá, passam despercebidos.

Outra marca da cidade, que ele lembrou são as palmeiras imperiais das praças. A mais famosa é a “gogó da ema”, na Praça Ipiranga, na esquina da avenida Generoso Ponce com a Rua 13 de junho. Caberia ali uma iluminação adequada para realçar a sua beleza, e a retirada dos postes e placas que encobrem a palmeira datada de quase 100 anos. Também seria uma boa atração em outros países ou estados.

Mas, chamou-me, também, a atenção, a proposta do prefeito Wilson Santos de encolher a pista para o tráfego de veículos na Rua 13 de Junho, reduzindo-a a apenas uma calha para um veículo por vez. E as calçadas dos dois lados serem ampliadas para o trânsito de pedestres e transformar o trecho que vai da Avenida Getúlio Vargas à Generoso Ponce numa rua de lazer com bancos e canteiros de flores.

São pequenas providências capazes de dar a Cuiabá um ar de modernidade que, somada às ruas e casarões históricos, faria dela uma cidade atrativa. E bela, para rebater as críticas, até agora, justas do pessoal do “DefesadeMatoGrosso”.

Cuiabá não é uma cidade feia. Absolutamente! Mas tem sido uma cidade mal cuidada, mal respeitada, mal amada e muito ferida na sua dignidade.

Que os ipês floridos e as palmeiras imperiais resgatem a sua honra!

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br




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