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Politica Brasil
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 20:06
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Nunca me imaginei ficar acordada até altas horas da madrugada na frente da televisão acompanhando a votação para escolha do presidente da Câmara Federal. Mas lá estava eu nervosa e apreensiva. Dependendo do resultado eu poderia medir a quantas andam os mandos do PT oficial.

Como louca, torcia pela vitória, imaginem vocês, do petista “ovelha negra”, Virgílio Guimarães. Não conhecia suas propostas, na verdade, nem me interessei pelas propostas de nenhum dos candidatos, mas o Virgílio era diferente. Ele ia contra o estabelecido, o determinado e imposto pela cúpula antidemocrática do PT. Isso só me bastaria.

Tive a oportunidade de conhecer e conversar com o Virgílio Guimarães, fiquei assuntada ao encontrar um petista bem humorado, leve, sem rancor. Ao perceber esse seu perfil perguntei há quanto tempo ele estava no partido e por quantos já tinha passado. Para minha surpresa, nenhum. Ele nunca pertenceu a outro partido. Construiu sua carreira política dentro do partido dos trabalhadores e sempre foi amigo de Lula. Oh!

Confesso a vocês que ele não tem a “nhaca” dos petistas, não conheço seus dotes de legislador, não o acompanho, mas aquele ranço de “senhores da razão” que os petistas têm, ele não tem.

Findado o primeiro turno sem que o Virgílio, meu escolhido, tivesse ido, passei então a torcer pelo Severino Cavalcanti. Imaginava que as suas chances eram grandes, tinha plena convicção de que qualquer um que passasse para o segundo turno com o advogado do MST, ganharia. Só não imaginei que fosse de lavada.

Não foi um jogo fácil, foi pesada a pressão que todos os parlamentares sofreram, mas, apesar do meu escolhido não ter ganho, estou me regozijando da derrota do PT. HEHEHE. Se o Virgílio tivesse ganho, isso teria um sabor muito mais apurado, claro.

Durante a noite toda, me senti como se estivesse assistindo um documentário antigo, quase uma pornochanchada. O sistema de votação e apuração dos votos é antiquado e ineficiente, houve corte de energia elétrica e por alguns minutos tudo ficou parado, às escuras. Incrível como uma casa que deveria representar a modernidade da nação, até para passar confiança à população, usa métodos tão retrógrados. Seria isso um sintoma? Pra mim ficou a imagem de métodos obsoletos e atentatórios à democracia.

Vi uma declaração de um dos patéticos estrategistas da ala governamental dizendo que a vitória do articulador jurídico daquela instituição despersonalizada juridicamente, seria primordial para o bem da tal “governabilidade”. A deles, que fique claro, pois para nós brasileiros, a derrota do queridinho do governo é, mais que um lavar de alma, é o que pode nos garantir a manutenção da governabilidade que precisamos, não a que querem nos impor.

Torci bastante pelo outro candidato do PT, por ver nele essa esperança e, acima de tudo, pelo gostinho de ver o PT perder para ele mesmo, seria imensurável.

Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br / Blog http://argumento.bigblogger.com.br




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