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Internacional
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 19:30

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Centenas de milhares de pessoas participaram hoje, sábado, de uma multitudinária manifestação em Roma para exigir a libertação da jornalista italiana Giuliana Sgrena, seqüestrada no Iraque há quinze dias, e a do resto dos reféns no país árabe.

Sob o lema "Libertemos a paz", cerca de meio milhão de cidadãos, segundo os organizadores, percorreram em silêncio as principais ruas da capital italiana até chegar ao histórico Circo Massimo, onde se sucederam as mensagens em favor dos seqüestrados e do povo iraquiano.

Além da libertação de Sgrena, os manifestantes exigiram a da jornalista francesa Florence Aubenas e de seu intérprete iraquiano, Hussein Hanoun, desaparecidos em Bagdá há um mês e meio.

A manifestação foi liderada pelos familiares de Sgrena, o diretor de seu jornal, Il Manifesto, e políticos como o opositor Romano Prodi, o dirigente comunista Fausto Bertinotti e o prefeito de Roma, Walter Veltroni.

Também havia personalidades do mundo da arte e da cultura, entre elas o cineasta Nanni Moretti e o Prêmio Nobel de Literatura Darío Fo, que além de pedir a liberdade dos reféns denunciou "a violência inaudita" e o "ato criminoso que é a guerra".

Os grandes ausentes foram os líderes da maioria governante, que em meio a uma grande polêmica consideraram que a convocação estava politizada e quiseram se desligar. Assim, alguns membros do governo, como o ministro para Assuntos Europeus, Rocco Buttiglione, preferiram ir a um show pela paz na localidade de Assis.

"Cada um participa da maneira que considera oportuna", indicou Buttiglione, que quis matizar que, para a centro-direita, a manifestação de Roma é um ato positivo para a jornalista, embora "seria errado pedir a libertação com uma postura próxima às posições dos terroristas", disse.

Com cartazes e bandeiras de todo tipo -desde aquelas pela paz até algumas com o rosto do líder independentista curdo Abdullah Ocalan-, os manifestantes encerraram a manifestação no Circo Massimo, onde tinha sido instalado um palco com três enormes fotografias de Sgrena, Aubernas e Hanoun.

Ali foram projetadas imagens da população civil iraquiana e as vítimas da guerra tiradas pela própria Sgrena, enquanto colegas da jornalista e personalidades políticas e de organizações humanitárias se dirigiram aos concentrados.

Entre os que falaram estiveram a voluntária Simona Torreta, cujo seqüestro junto a Simona Pari manteve os italianos aflitos durante três semanas, e que hoje se uniu aos pedidos para a libertação "de todos os reféns e da população iraquiana".

Por sua vez, o diretor do jornal Il Manifesto, Gabriele Polo, quis lançar uma mensagem aos seqüestradores para lembrar o trabalho de Sgrena: "Libertar Giuliana é o melhor serviço que se pode fazer ao povo iraquiano; deixem que regresse a seu trabalho para que possa voltar a pedir o fim da guerra", disse.

Nos últimos meses, e em meio à controvérsia sobre a presença militar em território iraquiano, os italianos saíram às ruas maciçamente em várias ocasiões para pedir a libertação de algum de seus cidadãos no Iraque.

A primeira grande manifestação ocorreu no final de abril do ano passado, quando os cidadãos se manifestaram por três guardas de segurança capturados por um grupo extremista islâmico que assassinou um quarto, Fabrizio Quattrocchi, imediatamente após seu seqüestro.

Os três reféns foram libertados no início de junho, mas o alívio na Itália durou pouco tempo. Em 20 de agosto foi capturado o jornalista freelance Enzo Baldoni, o que provocou novas manifestações que não puderam impedir que fosse assassinado nove dias após o seqüestro.

As maiores mobilizações, no entanto, ocorreram talvez com o seqüestro das duas Simonas em setembro, que culminaram com sua libertação três semanas depois em meio à incógnita sobre o suposto pagamento de um resgate, nunca confirmado.





Fonte: EFE

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