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Politica Brasil
Quinta - 17 de Fevereiro de 2005 às 17:58
Por: Onofre Ribeiro

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A fervura política subiu em quatro dias de ausência do governador Blairo Maggi, em sua viagem estradeira. O ambiente político já vinha em fervura com tampa na panela. Nesta semana tirou-se a tampa. O autor foi o ex-prefeito de Várzea Grande e presidente regional do PFL. Ontem a fervura alteou-se mais com as informações passadas por Jaime Campos de entendimentos iniciados com o PSDB, através do ex-governador Dante de Oliveira, também presidente regional do partido.

Mas os entendimentos de Campos se refletiram muito dentro da Assembléia Legislativa e envolveu os cenários de trocas de partidos já com vistas às eleições de 2006. Exemplos: o deputado Humberto Bosaipo retorna ao PFL, onde foi estrela por muitos anos. O deputado José Riva, que andava descontente com o PTB, está de olho no PFL ou, numa posição de liderança no grupão que está sendo formado com pilastras assentadas no PFL, no PTB, no PSB, no PPS e no PSDB.

O que poderia querer um grupão neste momento?, perguntaria o leitor. A resposta ficou óbvia: quer espaço político para se contrapor ao governador Blairo Maggi que não tem oposição. Os cenários para as lideranças não-alinhadas com o governador, não indicam espaços. Por isso, estão se articulando para dificultar a montagem da reeleição do governador. É bom lembrar que, pelo andar atual da carruagem, o governador teria uma eleição do tipo WO. Aliás, é bom lembrar isso, porque é a mesma situação que o senador Antero Paes de Barros tinha em 2002. E perdeu a eleição para governador.

Imagine-se o grupão formado por deputados como Humberto Bosaipo que levaria, se for o PFL, 15 prefeitos, José Riva mais de 40, já bastaria para desestabilizar o projeto de reeleição do governador Blairo Maggi.São só dois exemplos.A expectativa é de que o grupão chegue a 10 deputados estaduais.

Mas o leitor ainda questionaria se o governador merece isso. Merece, no entendimento dos políticos. Eles acusam abertamente o governo de administrar fechado e de não dar espaços à participação parlamentar ou dos partidos. Outra acusação é a de que mais do nos dois anos anteriores, o governo se fechou ainda mais em 2005, parecendo muito mais técnico e menos político do que antes. O isolamento é suicida na política, ainda que as intenções sejam as melhores, baseadas na crença do governador de que a intimidade com a política contaminaria as suas boas intenções executivas.

Realmente, os políticos produzem muitas demandas junto ao Executivo.

O recente bate-boca do governo com o deputado federal Pedro Henry foi muito mais longe do que se pensou. Ofendido, recuou mas começou a articular-se. Quase ministro, com a vitória do deputado Severino Cavalcanti distanciou-se da chance ministerial, mas abre espaços em Mato Grosso de olho no governo ou no Senado em 2006. É um adversário que joga muito duro. Já Jaime Campos lança mão da velha experiência: força para ser vice na chapa de Maggi em 2006, pensando em ocupar o fim do mandato, lançar-se à reeleição, a exemplo de Geraldo Alkmin, em São Paulo, e governar em 2010. O jogo vale uma boa briga.

O que se vê é que o efeito Severino desdobra-se em cascata pelo país inteiro. E deixa em Mato Grosso uma equação para o governador Blairo Maggi: sentar ou não sentar e negociar com os políticos para não pagar um preço caríssimo na sua reeleição no ano que vem.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br




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