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Nacional
Quinta - 06 de Janeiro de 2005 às 17:27
Por: Juliana Andrade

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Brasília - O número de alunos matriculados em cursos de mestrado e doutorado no Brasil triplicou entre os anos de 1987 e 2003, passando de 37.195 para 112.314 pós-graduandos. Apesar do crescimento, persiste a distribuição desigual dos cursos de pós-graduação entre as regiões brasileiras, como aponta o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) para o período de 2005 a 2010. A região Sudeste concentra 66,6% dos cursos de doutorado e 54,9% dos de mestrado. Em seguida, vem as regiões Sul (17,1% e 19,6%, respectivamente), Nordeste (10,3% e 15,6%) e Centro-Oeste (4,1% e 6,4%). Por último, aparece a região Norte, onde estão 1,8% dos cursos de doutorado e 3,5% dos de mestrado.

Elaborado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o plano coloca como um dos principais desafios a atuação em rede para diminuir os desequilíbrios regionais na oferta e desempenho da pós-graduação e atender às novas áreas de conhecimento. O documento destaca "a necessidade primordial de se buscar o equilíbrio no desenvolvimento acadêmico em todas as regiões do país".

No entendimento do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, se essa prioridade não for traduzida em medidas concretas, o sistema de pós-graduação brasileiro permanecerá "inacabado". "O sistema cresceu nos centros em que as universidades receberam maior quantidade de recursos e conseguiram se consolidar, sendo que a maioria está em regiões de grande desenvolvimento econômico. Mas hoje precisaríamos de programas semelhantes para desenvolver com a devida velocidade programas em outros estados, como o Ceará, Pernambuco, Amazonas e Pará", destacou Candotti, em entrevista à Agência Brasil.

O presidente da SPBC chamou a atenção para o potencial dessas localidades. "O Pará, por exemplo, com a sua contribuição importante nos setores de mineração e de geração de energia, e o enorme potencial da biodiversidade a ser estudada e conhecida na Amazônia são metas gritantes no horizonte científico e tecnológico. Elas pedem atenção, chamam a atenção e é o que nós fazemos todos os dias aqui na SBPC, no sentido de alertar o governo que estamos perdendo a chance de conseguir nas fronteiras do nosso próprio território os elementos que permitiriam acelerar o desenvolvimento econômico", salientou.

Para Candotti, reduzir as diferenças regionais relacionadas à oferta de cursos de pós-graduação também beneficiará os próprios alunos das universidades do Sudeste e do Sul. "Os próprios centros que hoje estão em situação melhor precisam com urgência do desenvolvimento de outras frentes, por causa do intercâmbio, da possibilidade de explorar novas fronteiras, dos novos laboratórios, e até mesmo a migração mesmo dos recursos humanos formados nesses centros. Hoje não se pode imaginar que todos os jovens que se formarem no Rio de Janeiro ou em São Paulo fiquem nesses estados, senão vai haver uma asfixia", observou. "Na área científica, São Paulo precisa tanto da Amazônia como a Amazônia precisa do Centro Sul", reforçou.

Atualmente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia mantém duas iniciativas voltadas à redução dessas diferenças. Uma dela é o chamado Programa Casadinho, por meio do qual universidades do Sul e do Sudeste que foram bem colocadas no sistema de avaliação da Capes prestam auxílio a instituições do ensino superior do Centro-Oeste, Norte, Nordeste que não foram tão bem avaliadas. Segundo a assessoria do ministério, a parceria visa melhorar a qualidade dos cursos de pós-graduação oferecidos por essas universidades.

Outra ação é o Programa Fixação de Doutores, por meio do qual são fornecidos auxílios para incentivar a permanência desses profissionais em localidades como o Amazonas.




Fonte: Agência Brasil

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