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Policia MT
Terça - 13 de Novembro de 2012 às 09:15
Por: Julia Munhoz

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Ilustração

Escutas telefônicas da Polícia Federal revelam o momento em que a esposa de um alvo foragido da Operação Eldorado, identificado apenas como Pinduca, informa outra companheira sobre a ação dos policiais na região do Teles Pires onde um índio morreu e dois ficaram feridos, além de quatro policiais que foram atingidos por flechas.

Em uma das conversas a esposa de Pinduca, identificada como Neguinha conta a outra chamada de Curica que a Polícia Federal e a Força Nacional ocuparam a aldeia do Teles Pires e prenderam alguns índios, inclusive que o rádio da Funai utilizado por eles está de posse do delegado que coordenava a ação.

Curica - eeee, mais né, té lá na coisa, não deixa ninguém falar nem na FUNAI? Prenderam té na FUNAI?
Neguinha - pois é
Curica - o rádio?
Neguinha - tava na FUNAI, pegaram o rádio, ninguém fala não, só eles mesmo, o chefe da FUNAI lá
Curica - á, só o pessoal da FUNAI mesmo né?
Neguinha - é, os que tão no Teles Pires, os índio num fala; o Reinaldo pediu pra esse tal de Delegado chamar o Pororoca ou então um tal de Rainon que tem lá, lá do (palavra não entendida, aparenta ser Mairovile), ele não chamou
Curica – ummmm


As escutas autorizadas da PF foram interceptadas um dia depois de ter sido deflagrada a Operação Eldorado, que teve como objetivo de desarticular organização criminosa dedicada à extração ilegal de ouro e posterior comercialização no Sistema Financeiro Nacional.

Em um segundo momento do diálogo Neguinha relata a colega como foi o confronto entre policiais federais e índios quando os agentes da PF tentavam cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal de Mato Grosso.

Neguinha - aí diz que num passava ninguém, ela teve que voltar porque diz que lá tava soltando essa bomba
Curica - é doido é? Mas ele não apareceu também ainda não, o Pinduca?
Neguinha - não; aí eu escutei, não sei se é o Delegado, se o chefe da FUNAI falano né, que enquanto ele não terminar com o trabalho deles, eles não vão sair lá da aldeia, vão ficar permicido alí, enquanto não terminar de cumprir o que eles vieram cumprir
Curica - ááá tá
Neguinha - e diz que foi os indio que chegaram atirano, ééé, flechando, e flecharam policial, bom, dizeno ele né? Flecharam quatro home deles; então diz que foi eles que chegaram lá, já é, fazeno invasão, sendo que foi ele que invadiram a aldeia dos indio né?
Curica - ã hã, meu Pai; mas ele foram mandado né, enquanto eles num terminar o serviço deles eles num
Neguinha - pois é, e o, o mandado deles foi pra fechar o garimpo, e aí diz que eles vão cump (corta a palavra), dizeno ele né?
Curica - vixe, mais aí Neguinha, então nem o pessoal lá não pode ficar falando certas coisas, que agora eles escutam


Investigações

As investigações tiveram início em fevereiro deste ano e foram desenvolvidas pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvio de Recursos Públicos de Mato Grosso, ficando constatado que, além dos crimes ambientais praticados (exploração ilegal de recursos minerais, destruição de áreas de preservação permanente e poluição), a organização criminosa cometeu também crime contra a ordem econômica (usurpação de bens da União), contra o Sistema Financeiro Nacional e Lavagem de dinheiro.

O ouro extraído das áreas indígenas e dos garimpos ilegais, era adquirido por empresas Distribuidoras de Títulos de Valores Mobiliários – DTVM"s e, após dissimular a origem, era vendido como ativo financeiro para investidores em São Paulo/SP. Em 10 meses de investigação, foi possível constatar que uma das Empresas Distribuidoras, das 03 (três) envolvidas no esquema, movimentou mais de R$ 150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de reais).






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