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Politica Brasil
Sexta - 31 de Dezembro de 2004 às 14:50
Por: Karoline Garcia

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O ponto alto da carreira política de Wilson Santos (PSDB) chegou: ser prefeito de Cuiabá. Com isso os projetos políticos terminaram, como ele mesmo afirma, e, a partir de agora, a busca é pela boa administração da capital mato-grossense.

Wilson Santos possui larga experiência como parlamentar, onde contabiliza mandatos como vereador, deputado estadual e federal. Pela primeira vez no executivo, ele se mostra um estrategista antes mesmo de tomar posse como prefeito.

Conseguiu com que a reforma administrativa, bandeira de sua campanha, fosse aprovada pela Câmara Municipal. Fez uso de seu bom relacionamento com o governador Blairo Maggi ao pleitear junto a ele o aumento da alíquota de ICMS para Cuiabá, livrando a capital de uma perda mensal de R$ 1 milhão.

Wilson Santos diz ter escolhido a dedo cada um de seus secretários, contemplando todos os aliados. Mas revela que sofreu constrangimentos até mesmo entre os aliados, que não queriam a redução de cargos prevista na reforma administrativa. Nesta entrevista, o tucano lista as prioridades para o primeiro ano de governo e revela o que fará, a partir de segunda-feira, assim que chegar ao sétimo andar do Palácio Alencastro.

Diário de Cuiabá – Qual será a primeira atitude ao chegar ao Palácio Alencastro na segunda-feira?

Wilson Santos – Bem, chegou a hora. Depois de muitos anos de sonho, de trabalho, de renúncia, chegou a hora. Nos preparamos durante toda a pré campanha, que eu considero de junho de 2003 a junho de 2004. Avançamos muito nestes últimos dois meses, conseguimos aprovar a reforma administrativa, muito importante pois vai nos dar mais de R$ 5 milhões por ano. Conseguimos remodelar no que foi possível o orçamento para 2005. Construímos um secretariado que contempla as forças políticas que nos ajudaram. Fizemos a transição contando com a colaboração do prefeito Roberto França e estamos prontos para começar a governar a partir do dia 3.

Diário – Então está tranqüilo em relação à composição do secretariado?

Wilson – A distribuição foi justa. O PDT ficou com uma pasta (Trânsito e Transporte Urbano), o PTB com duas (Trabalho e Desenvolvimento Econômico e Saúde), o PSDB com quatro pastas (Bem estar, Finanças, Infra Estrutura e Procuradoria). Mas tem a minha cota pessoal, por exemplo o Mário Olímpio que é filiado do PV. O Leve Levi é do PMDB e não houve nenhuma conversa institucional com o PMDB, foram escolhas minhas. A Eliana Rondon não tem filiação, o Oscar não tem, o Nuremberg não tem filiação. Temos também secretários do PSB, ou seja, todas as forças políticas que nos apoiaram estão no primeiro escalão. Enfim, não houve desequilíbrio em favor de nenhum partido.

Diário – Esta semana o senhor anunciou que não abrirá as contas da prefeitura. Não acha que a população tem o direito de conhecer a situação da prefeitura?

Wilson – Tem sim. Em momento algum eu falei que não faria auditoria. Eu falei desse termo pejorativo de “caixa-preta”, não vou fazer escândalo, criar caixa-preta. Já determinei a todos os secretários que apresentem no dia primeiro de fevereiro um relatório sobre como encontraram cada pasta. Essa foi uma das decisões de nosso encontro. É um relatório minucioso, em termos de patrimônio móvel, patrimônio de imóveis, servidores, débitos, relação com fornecedores, número de funcionários efetivos, de temporários, cargos comissionados, como está o almoxarifado. Enfim, no dia primeiro de fevereiro teremos este relatório em mãos. Daí vamos checar toda a folha de pagamento, detalhadamente. Também vamos verificar as contas que a prefeitura possui em bancos, especificamente, as que do Banco do Brasil, nós vamos checar concessões de linhas de microônibus dadas nas últimas semanas. Vamos checar autorização para alienação de áreas públicas nos últimos meses, também a arrecadação do IPTU, pois vamos construir um novo cadastro imobiliário da cidade. Nós vamos sim fazer um profundo raio x das contas da prefeitura, da folha de pagamento, dos estoques encontrados de material, do estado das viaturas e máquinas que nos foi passadas. Temos informações de creches estão sendo saqueadas, de que os guardas das creches foram devolvidos à Secretaria de Educação desde o dia 20 de dezembro.

Nós vamos atrás, quem roubou o patrimônio da prefeitura se prepare, nós vamos buscar. Eu já fiz isso em 93 quando fui secretário. Fui buscar motor gerador me chácara de ex-diretor da minha secretaria, fui lá e tirei de lá. Tem denúncias de que esta semana um funcionário ofereceu 100 cartuchos a um dono de papelaria comprar. Já que as denúncias estão chegando vamos abrir um setor para receber estas informações. Vai ter sim uma rigorosa auditoria. O que eu estou dizendo é que após detectar as prováveis irregularidades vamos dar o encaminhamento ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas sem dar o estardalhaço que foi feito na caixa preta do estado, que não resultou em nada.

Diário – Com o levantamento feito até agora qual será o maior desafio de sua gestão?

Wilson – A folha de pagamento. É a nossa prioridade número um. A primeira audiência que faremos será com os representantes dos servidores no dia 3, às 6 horas da manhã, será aberta. O grande desafio nosso inicial é colocar os salários em dia e fazer a máquina andar.

Diário – Na sua avaliação onde está a causa dos atrasos na folha?

Wilson - O motivo da situação chegar aonde chegou, quando recebemos folhas em atraso, é o França não ter feito no primeiro ano de governo dele, em 97, a reforma administrativa que estamos tendo a coragem de fazer agora. Se ele tivesse feito está reforma, seguramente, ele estaria hoje com os salários rigorosamente em dia e ainda teria concedido reajuste as perdas salariais ao longo dos oito anos. Como ele não fez o dever de casa, não teve discernimento para fazer a reforma, enfrentar inclusive seus aliados. Estou tendo um constrangimento enorme e dificuldades com meus aliados. Boa parte deles não aceitam a reforma, não querem redução de cargos. Mas eu não ou desviar dos meus propósitos com o povo. A nossa expectativa inicial só com a reforma é de economizar em quatro anos R$ 22 milhões. Agora com o raio x que vamos na folha de pagamento, acreditamos que vamos reduzir de 5% a 10% do custo da folha de pagamento hoje. Achamos que comprando melhor com o pregão eletrônico nós vamos gastar 20% a menos com que materiais de consumo e bens. Vamos também renegociar todos os contratos com empresas particulares, com objetivo de reduzir entre 20% e 30% os custos dos serviços terceirizados com tudo isso, acreditamos que teremos uma economia de 35 a 40% por ano.

Diário – Já foram definidos prazos para estas metas?

Wilson – No primeiro mês iniciamos. Vou constituir comissões que vão ser responsáveis pela auditoria folha de pagamento na primeira semana, comandada pelo secretário Nuremberg Borja. Ele vai comandar um comissão que vai passar um pente fino, “finíssimo”, na folha de pagamento. Nós vamos pedir que todos os servidores à disposição de órgãos públicos se reapresentem. No primeiro semestre ainda vamos implantar o pregão eletrônico, até o final do primeiro semestre ele vai estar funcionando. Vamos chamar, desde a primeira semana, os nossos credores para renegociar as dívidas, contratos, enfim desde a primeira semana já vamos começar a tomar as providências.

Diário – O senhor recuou na decisão, já anunciada, de retirar os parquímetros?

Wilson – A decisão está tomada. Não vou anunciar ainda mas no dia três (segunda-feira) Cuiabá vai conhecer a decisão. Já está tomada, não vou comunicar porque ainda não sou prefeito.

Diário – Foi feito o estudo sobre o contrato?

Wilson – Sim, o futuro procurador José Antônio Rosa fez todo o estudo do contrato, eu fiz uma pesquisa de opinião pública, tenho informação de programas de televisão e de rádio que também fizeram pesquisas de opinião. Nós temos elementos suficientes para tomar a decisão. Antes de falar com o Andelson (futuro secretário de Infra Estrutura) hoje, eu estava despachando com o José Rosa, nem entramos neste assunto pois já está decidido.

Diário – E sobre a extinção do Terminal Bispo Dom José, quando será feito?

Wilson – Nós estamos montando uma equipe técnica na SMTU. O Emanuel Pinheiro (futuro secretário) tem o perfil político mas estamos montado a parte técnica. A diretora executiva, que corresponde à secretária adjunta será a engenheira Carmem, que foi diretora técnica do Detran, ela estava sendo convidada pelo Sachetti para coordenar um área importante dentro do Detran. Ela tem especialização em transporte e trânsito. Nas demais diretorias só vão ficar técnicos, está indo o arquiteto Rafael Morais que tem mestrado em trânsito, ele vai assumir uma diretoria. Ou seja, vamos substituir a atual diretoria que tem perfil político por uma diretoria técnica. O Emanuel já foi à Goiânia e levantou informações importantes. O bilhete único é prioridade nossa, eu quero implantar o bilhete único. A desativação da Bispo é um compromisso nosso, ele só será feito após o bilhete único, e para isso é preciso se instalar as catracas eletrônicas. Elas já chegaram em Cuiabá, eu já mantive contato com os empresários, vamos acelerar a instalação das catracas e vou pôr prazo para a empresa que venceu a licitação para a bilhetagem eletrônica. Vou chamá-los na semana que vem, então primeiro passo, dotar os ônibus de catracas sem a demissão de cobradores. Segundo passo, implantação de bilhete único, já há esta empresa que venceu a concorrência em 2003 e eu vou exigir que o prazo seja cumprido. Após isso, a desativação da Bispo, ali veio a praça vai ser restaurada e vai continuar existindo um ponto de ônibus como sempre teve.

Diário – Não são muitos projetos logo para o primeiro ano de governo? Wilson – Nós sabemos que o primeiro ano vai ser mais difícil. Vamos assumir num período de chuvas, várias folhas salariais atrasadas, a empresa que faz a varredura da cidade está há cinco meses sem receber, a empresa que coleta lixo há seis meses sem pagamento, na área de saúde a auto estima está á embaixo, as escolas precisando de reformas e de equipamentos. Nesses dois dias em que estivemos conversado eles ficaram conscientes de que será o ano mais difícil, nós vamos precisar de paciência da população. Só teremos tomar pé de tudo depois de 60, 90 dias. Mas não vamos desanimar, pois isso que nos propomos.

Diário – A vereadora Chica Nunes sendo eleita presidente da Câmara significa que o prefeito terá trânsito livre no legislativo?

Wilson – Não muda nada a relação se fosse outro. Eu fui neutro no processo, os méritos todos são da Chica e dos vereadores que a acompanham. Vamos ter pela Chica e pela nova Mesa respeito por todas as decisões que lá foram tomadas. O fato dela ser do mesmo partido que eu não facilita, nem atrapalha.

Diário – Sobre os índices do ICMS, Cuiabá num primeiro momento sairia prejudicada com o novo cálculo feito pela Sefaz, o senhor esteve com o governador para tratar do assunto?

Wilson – Eu estive ontem pela manhã com o governador e com o presidente da Assembléia José Riva durante toda manhã. O governador chamou a equipe técnica da Sefaz para esclarecer dúvidas sobre as alíquotas do ICMS. Cuiabá vai ficar com 15,96%, bastante abaixo do que já teve, chegando a 24% de alíquota. Apesar de contribuir com mais de 36% com a economia estadual teremos só 15,96% do ICMS, eu acho que Cuiabá tem espaço para crescer. Eu já determinei ao secretário José Bussiki que trate com cuidado esta questão para que no próximo ano nós continuemos crescendo até para ser justo com Cuiabá. Eu disse que brigaria por Cuiabá e já comecei. O governador teve uma postura ética e justa com Cuiabá, pois em nenhum momento ele demonstrou interesse em prejudicar nossa cidade, pelo contrário, a preocupação dele era constante com Cuiabá. Esse índice de 15,96% é resultado do trabalho dos deputados da Assembléia e também da preocupação de Blairo Maggi em repor aquilo que Cuiabá vinha perdendo nos últimos anos. Eu considero uma alíquota boa, mas por uma questão de justiça vamos trabalhar para que ela possa melhorar.

Diário – Sabe-se que Cuiabá corria o risco de perder até R$ 1 milhão por mês com o novo cálculo...

Wilson – Não vou explicitar, mas eu fiquei duas noites sem dormir e no final deu tudo certo para Cuiabá, graças ao deputado José Riva e ao governador Blairo Maggi.

Diário – Pelo projeto que você mostra ter para Cuiabá é possível perceber que quatro anos não serão suficientes para cumprir as metas. A reeleição está incluída nesse bolo?

Wilson – Não tenho mais planos políticos. Eu sempre sonhei ser prefeito de Cuiabá. Meu desejo sempre foi esse, agradeço todos os dias a Deus. Acho que eu não tinha, é primeira vez que vou falar isso, no segundo turno eu estava consciente de que não tinha forças para vencer as eleições. Foi uma vitória divina, ele que venceu está eleição. E a Deus o futuro pertence. As pessoas infelizes são aquelas que não têm metas em suas vidas e eu tenho, estou realizado. Agora é ser um bom prefeito para Cuiabá.




Fonte: Diário de Cuiabá

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