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Meio Ambiente
Quinta - 23 de Dezembro de 2004 às 12:57
Por: Orlando Lizama

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O debate sobre o uso de células-tronco embrionárias na pesquisa para curas de doenças como o mal de Alzheimer e a diabete foi intensificado nos Estados Unidos em 2004, com a morte do ator Christopher Reeve e do ex-presidente Ronald Reagan.

A princípio, os esforços para incentivar a pesquisa pareciam ter fracassado em novembro, com a reeleição do presidente George W. Bush. Em 2001, ele havia anunciado que o governo federal não liberaria mais recursos para essa pesquisa, além das 22 "linhagens" de células já existentes.

Bush, apoiado pelos setores mais conservadores e religiosos do país, declarou que a criação de novas "linhagens" de células-tronco a partir de embriões significa matar um ser vivo, quase da mesma forma como em um aborto.

No entanto, no mesmo dia da eleição de Bush, os eleitores da Califórnia, estado mais populoso do país, votaram a favor de uma resolução de apoio à pesquisa, promovida pelo governador Arnold Schwarzenegger, personagem emblemático no mesmo Partido Republicano do presidente.

Por outro lado, segundo porta-vozes da Sociedade dos EUA para a Medicina Reprodutiva, os defensores da pesquisa contam com apoio suficiente no Congresso para conseguir sua autorização.

Segundo um desses porta-vozes, há vários legisladores republicanos, cuja maioria controla o Senado e a Câmara dos Representantes, que apóiam a contribuição federal de fundos para pesquisar as possíveis utilizações de células-tronco.

A aparente solução do dilema moral surgiu nos últimos dias, quando foram anunciadas novas técnicas de laboratório para obter essas células sem criar nem destruir embriões humanos.

Com uma delas, os cientistas poderiam utilizar as chamadas "células viáveis" criadas para tratar infertilidade, mas que não se desenvolveram e estão funcionalmente mortas.

Segundo o médico Leon Kass, presidente do Conselho de Bioética da Casa Branca, esse procedimento seria similar à extração de órgãos de uma vítima de acidente com morte cerebral para usá-los em transplante e salvar vidas humanas.

Com a segunda técnica, os pesquisadores neutralizariam o processo de clonagem chamado "transferência nuclear" de modo que o conjunto de células não seja um embrião, mas conte com essas células precursoras.

Segundo os cientistas, a vantagem dos dois procedimentos é que nenhum envolve um embrião com possibilidades de desenvolvimento e crescimento. No primeiro, esse embrião já está morto. No segundo, nunca chegou a existir.

Segundo Kass, com isso foi aberta a possibilidade de uma união perfeita entre quem defende o progresso científico e quem defende a vida humana desde a concepção.

Embora as técnicas devam ainda ser apuradas através de experimentos com animais antes da aplicação em seres humanos, o desenvolvimento delas já é um enorme progresso, segundo especialistas.

"Isto é tão bom que é quase incrível, que o avanço científico tenha resolvido um dilema moral", disse Diana Schaub, especialista em assuntos científicos e políticos da Universidade Loyola e membro do Conselho de Bioética da Casa Branca.

De acordo com as pesquisas feitas até agora, as células-tronco poderiam ser a chave para a cura de doenças degenerativas e progressivas porque elas se convertem em unidades especializadas durante a evolução.

Por exemplo, se inseridas no pâncreas, elas poderiam se converter e promover a multiplicação de células pancreáticas para eliminar a diabete tipo 1.

No cérebro, as células-tronco se transformariam em neurônios destruídos pelo mal de Alzheimer ou por um acidente. Este era o caso do ator Christopher Reeve, famoso por interpretar o personagem Super-Homem no cinema.

Elas também poderiam servir para curar outras doenças cardiovasculares, as apoplexias, diferentes tipos de artrites e até osteoporose e queimaduras.

Os benefícios das células-tronco embrionárias foram a bandeira da luta travada ao longo do ano entre os defensores da pesquisa, incluindo Reeve, o ator Michael J. Fox (que sofre de mal de Parkinson) e, principalmente, a ex-primeira-dama Nancy Reagan e Ron Reagan, filho do falecido ex-presidente.




Fonte: Agência EFE

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