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Politica Brasil
Quinta - 16 de Dezembro de 2004 às 18:05
Por: João Carlos Caldeira

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Numa das minhas caminhadas diárias (para mim, momento de lazer e reflexão), estive pensando como às vezes a imprensa e a mídia de um modo geral, é injusta com o lado bom da notícia. Explico!

Generalizando (isso é um perigo, mas em todo caso, vamos lá) os jornais, revistas e os telejornais brasileiros, tendem a valorizar e darem maior destaque para as tragédias, para a violência, para a corrupção e para a exploração do sofrimento humano.

O interesse do ser humano por esses assuntos é enorme, dá audiência para rádios e televisões e vende mais jornais e revistas, tudo em nome da liberdade de imprensa e do livre direito a informação. Esse é o lado ruim, porém necessário, da notícia.

Os fatos positivos raramente possuem a mesma repercussão e atenção que os fatos negativos. Um exemplo disso em Mato Grosso, foi a recente escolha da Viola de cocho como patrimônio cultural nacional.

Alguns jornais fizeram tímidas reportagens no caderno cultural e a TV Centro América, conseguiu emplacar uma reportagem no Jornal Nacional da TV Globo, no dia 04 último. Mas tudo isso é pouco, diante da importância e da magnitude cultural do acontecimento.

Quantos símbolos nacionais são reconhecidos como Mato-grossenses? Temos tantos pratos típicos em nossa culinária que poderiam tornar-se patrimônio Nacional, como recentemente foi instituído para o Acarajé Baiano. Temos o rasqueado cuiabano (o famoso limpa banco), a dança dos mascarados, de São Gonçalo, o Cururu, o Siriri, e tantas outras manifestações de expressão da cultura popular de Mato Grosso. A Viola de cocho, agora patrimônio cultural registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan, é um instrumento musical singular quanto à forma artesanal de fabricação e quanto à sonoridade.

O nome é derivado do processo artesanal de fabricação através da técnica de escavação da caixa de ressonância da viola em uma tora de madeira maciça (da mesma forma que se faz para esculpir os cochos utilizados para gado) conhecida como ximbuva ou sarã, árvores típicas do Pantanal e do cerrado.

Quando se fala no assunto, a associação é quase imediata com o professor da UFMT e especialista no assunto, Abel dos Santos. Pesquisador, especialista no tema, Abel defende a tese fundamentada em pesquisas e trabalhos publicados, que o instrumento é originado de violas portuguesas usadas nos séculos XV e XVI. Os Portugueses perceberam que só o cocho escavado agüentariam o clima da região. Apesar da herança de uma cultura anterior, a Viola de cocho só existe aqui. Em nenhum outro lugar do mundo pode ser encontrada.

É elemento fundamental e indispensável em várias manifestações culturais e religiosas de nosso estado e o principal instrumento do Cururu e Siriri, além de ser intérprete da alma festiva e alegre do Mato-grossense.

Por tudo isso, a notícia do reconhecimento como patrimônio nacional, merece ser comentada e divulgada para os quatro cantos do mundo e valorizada pela imprensa, pelos organismos de cultura e turismo e por todos nós Mato-grossenses (adotivos e nascidos).

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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