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Internacional
Quarta - 15 de Dezembro de 2004 às 11:35

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O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, visitará amanhã Washington pela primeira vez desde que legisladores dos EUA lhe pediram que deixasse o cargo e depois de semanas de tensões relativas a um programa humanitário para o Iraque. A tempestade aumentou devido, em parte, ao apoio explícito recebido do governo americano por meio de seu embaixador na ONU, John Danforth, que afirmou na sexta-feira passada que o presidente George W. Bush não apoiava o pedido de outros políticos.

Annan, que vai se encontrar com o secretário de Estado, Colin Powell, e com a sucessora no cargo, a atual conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, chegará a Washington amparado pelo apoio de toda a comunidade internacional.

Antes de Danforth, foram muitos os que manifestaram seu apoio a Annan diante dos agressivos ataques de políticos e analistas dos EUA, que o consideram responsável pelas supostas irregularidades cometidas no programa humanitário "Petróleo por Comida".

Entre os que manifestaram seu apoio, estavam os líderes da União Européia, incluindo o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, considerado o principal aliado dos Estados Unidos. Nas últimas semanas, multiplicaram-se nos EUA as análises políticas e artigos de opinião sobre o ocorrido com o programa "Petróleo por Comida" e a responsabilidade que Annan deveria ter se for confirmado que membros da organização se deixaram corromper pelo regime de Saddam Hussein.

Membros do Conselho de Segurança se negam a comentar a possível corrupção, pois preferem esperar o fim das investigações da comissão independente, criada pela ONU e dirigida pelo ex-presidente do Federal Reserve Paul Volker.

Uma investigação americana estima que o regime de Hussein obteve 21 bilhões de dólares mediante subornos e superfaturamento em transações com petróleo que não foram declaradas aos organismos competentes da ONU. Diversos indivíduos, governos, partidos políticos e entidades privadas estariam envolvidos nas irregularidades, e muitos deles teriam se enriquecido com esse negócio ilícito.

Os analistas mais moderados afirmam que os que se indignam pelas irregularidades esquecem que não roubaram dinheiro das Nações Unidas nem dos Estados Unidos. Além disso, afirmam que o programa humanitário cumpriu seu principal objetivo, que era alimentar e dar maiores produtos básicos à população, ao mesmo tempo em que impediu que Saddam reconstruísse seu arsenal de armas de destruição em massa.

O comitê da ONU que devia autorizar os contratos de compra e venda do Iraque estava integrado pelos mesmos membros que o Conselho de Segurança, o que significa que tinha participação dos Estados Unidos. "Está claro que Saddam Hussein e seus seguidores se aproveitaram da supervisão inadequada da ONU para desviar amplas quantias (procedentes) do programa", escrevia há poucos dias James Dobbin, diretor do Centro de Política de Segurança e Defesa do Rand (Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional).

"Mas o dinheiro, para começar, era iraquiano, e as quantias desviadas nunca foram suficientes para minar o objetivo das sanções", acrescentou.

Para Stephen Schlesinger, diretor do World Policy Institute, da New School University, de Nova York, os ataques do Congresso contra Annan respondem "menos a um esforço para conhecer a verdade do escândalo" do que a uma tentativa de intimidar a ONU para que se submeta aos Estados Unidos.

A visita, neste contexto de Annan, ganha um significado especial, e embora a crise nas relações entre os EUA e a ONU não seja oficialmente o tema dos encontros do secretário-geral com Powell e Rice, será o centro do debate na reunião com o Conselho de Relações Exteriores, onde aceitará perguntas da platéia.

Ele conversará com Powell e Rice sobre as possibilidades de reforçar a presença da ONU no Iraque, atrasada pelo alto grau de violência e solicitada cada vez com maior insistência tanto pelos EUA como pelo governo interino do Iraque diante da proximidade das eleições.




Fonte: Agência EFE

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