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Internacional
Sábado - 11 de Dezembro de 2004 às 12:52

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O senador Marcelo Dell'Utri, um dos principais colaboradores do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi condenado hoje a nove anos de prisão por colaboração externa com a Máfia. Sua condenação foi anunciada um dia depois de o chefe do governo italiano ser absolto, por prescrição do delito, de seu último caso de denúncia corrupção por um suposto suborno de juízes cometido no fim da década de 80 e início dos anos 90.

A sentença do Tribunal de Palermo (Sicília) considera o senador da Forza Itália elo de união durante trinta anos entre a máfia siciliana e o mundo político e financeiro de Milão, incluído o grupo Fininvest, propriedade de Berlusconi, onde o condenado ocupou cargos de alto escalão. O Tribunal que julgou Dell'Utri condenou também a sete anos de prisão o outro imputado no processo, o suposto chefe mafioso Gaetano Cina, considerado seu elo com a Cosa Nostra.

Marcello Dell'Utri (Palermo, 1941) uniu seus destinos aos de Silvio Berlusconi em 1974, quando se transladou a Milão para trabalhar com ele, primeiro no negócio da construção, depois no da comunicação, foi durante anos presidente e conselheiro delegado da Publitalia e, mais tarde, na política.

O próprio Berlusconi, que usou a prerrogativa de não depor, chegou a ser chamado como testemunha deste processo, que durou seis anos, com 256 audiências e 270 testemunhas, 40 delas mafiosos arrependidos como o falecido Tommaso Buscetta. Durante este período, Dell'Utri seguiu adiante com sua carreira política e foi eleito, sucessivamente, deputado, senador e europarlamentar, enquanto os procuradores assinalavam-no como o eixo "entre a máfia, a economia e a política".

A Procuradoria de Palermo, que pediu para ele onze anos de prisão e a inabilitação perpétua para cargo público, à qual também foi condenado, sustenta que os integrantes da Cosa Nostra ajudaram o colaborador de Berlsuconi em troca de seus serviços como "embaixador da Cosa Nostra em Milão".

Os advogados de Marcello Dell'Utri já anunciaram que apresentarão recurso contra esta sentença de primeira instância, publicada depois de treze dias de deliberação ininterrupta do Tribunal, o que constitui um recorde. Uma das primeiras reações à resolução do Tribunal foi a do ex-presidente da República Francesco Cossiga, que a considera uma "condenação moral a Berlusconi". Os procuradores insistiram, durante o processo, que, apesar das vinculações diretas do senador processado com as empresas do magnata da televisão privada e seu partido, a Forza Itália, não era um processo contra Berlusconi nem contra sua formação política.




Fonte: Agência EFE

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