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Cultura
Terça - 30 de Novembro de 2004 às 04:55

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Florença - A galeria de Florença onde está a escultura Davi, de Michelangelo, organizou uma exposição especial para comemorar os 500 anos da obra, abrindo suas portas para alguns artistas contemporâneos. O objetivo é dar vida nova a uma cidade mais conhecida pelos seus mestres renascentistas. "Nós queríamos colocar algo de arte contemporânea aos pés do Davi", disse Antonio Paolucci, presidente dos museus de Florença, hoje, durante uma entrevista coletiva.

A mostra Formas de Davi será aberta amanhã e vai funcionar até 4 de setembro de 2005. Os trabalhos de cinco artistas atuais foram colocados Madonnas da Renascença em uma sala iluminada com luz natural, cujo centro é o Davi, que está brilhante após passar por um restauro que removeu camadas de sujeira e poeira da obra.

Quando a estátua foi mostrada para os cidadãos em 8 de setembro de 1504, foi rapidamente considerada uma obra-prima, uma descrição perfeita da beleza masculina. Atualmente, a obra muitas vezes é sobreposta por seu próprio mito. Com um vídeo, o artista norte-americano Robert Morris fez piada com os clichês envolvendo o Davi - a estátua que deu origem há centenas de lembrancinhas de lojas de presentes como bibelôs e ímãs de geladeira. "É um objeto kitsch com certeza", ele disse. "Queria desconstruí-lo. Por que ele é tão emblemático?". Sua obra é chamada The Birthday Boy (O Aniversariante).

Em uma sala escura, duas telas de vídeo mostram aulas, algumas pomposas, sobre o retrato de Michelangelo sobre o herói bíblico que desafiou Golias. Algumas observações são surreais. "Hoje, Davi pode conseguir estrelar um comercial de cuecas da Calvin Klein", diz um professor.

O artista britânico Georg Baselitz disse que, quando viu o Davi pela primeira vez em 1965, não "se interessou muito". Para a mostra especial, ele criou uma escultura, que está exposta na sombra de Davi, que retrata uma perna e um queixo, que parecem ter sido esculpidas com um machado.

Jannis Kounellis, da Grécia, desenhou um labirinto feito de ferro em que os visitantes podem caminhar. Em um canto, está uma pilha de carvão. À primeira vista, a contribuição de Luciano Fabro, da Itália, não parece ser muito mais que um cilindro enorme, um amontoado de pedras e uma pilha de poeira sobre o solo. Mas o cilindro tem um estampa, e, quando rolado sobre a poeira, forma a imagem de uma pessoa nua.

A obra que pode ser considerada mais tocante para os visitantes é a do fotógrafo Thomas Struth. Por cinco dias seguidos, ele ficou na Accademia tirando fotos de turistas que admiravam o Davi. Três delas estão expostas. Em uma delas, dois homens mais velhos olham para o David com olhos admirados e de boca aberta.




Fonte: AP

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