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Internacional
Sexta - 29 de Outubro de 2004 às 13:55

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Ao abrir um jornal israelense ou ao ouvir o rádio em Israel nesta sexta-feira, é difícil evitar a impressão que a partida de Yasser Arafat para um tratamento de saúde na França marca o fim de uma era.

O governo de Israel disse que o líder palestino terá permissão para voltar ao seu gabinete na Cisjordânia, onde Arafat foi mantido numa espécie de prisão domiciliar por mais de dois anos. Mas há um sentimento entre muitos israelenses que Yasser Arafat se foi para sempre.

Temporária ou permanente, a ausência de Arafat coloca algumas questões difíceis ao primeiro-ministro israelense Ariel Sharon.

Irrelevante

Sharon já está enfrentando uma batalha para salvar sua coalizão e seu polêmico plano unilateral de retirada de todos os soldados e colonos israelenses da Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro apresentou o plano, que dividiu seu próprio partido, o direitista Likud, como uma alternativa que seu país foi forçado a aceitar devido à falta de um parceiro de credibilidade do lado palestino para as negociações de paz.

Sharon chamou Yasser Arafat de "irrelevante" e se recusou a negociar com ele. Agora que Arafat deixou seu gabinete, muitos estão se perguntando se Sharon vai aproveitar a oportunidade para negociar com outros membros da liderança palestina, ou se o primeiro-ministro israelense vai continuar a justificar sua ação unilateral.

Sem mudanças

Porta-vozes do governo israelense afirmaram que a permissão dada para a partida de Arafat, e seu possível retorno, foi dada como uma medida humanitária e a atitude política israelense em relação ao líder palestino permanece a mesma.

Segundo o vice-primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, a saída de Arafat da cena política "não vai mudar imediatamente as relações entre palestinos e israelenses porque não há relações entre nós e eles".

Ariel Sharon venceu, nesta semana, uma votação parlamentar crucial a favor de seu plano de retirada. Mas, ao mesmo tempo, Sharon teve que lutar para manter o controle de sua coalizão de direita, que se opõe violentamente a qualquer tipo de retirada israelense de terras palestinas.

Para aprovar sua proposta, Sharon foi forçado a abandonar muitos de seus aliados políticos e confiar na oposição, de esquerda. Muitos membros da oposição apóiam a retirada, mas não se sentem confortáveis com um plano unilateral como o de Sharon.

A partida de Yasser Arafat fará com que seja mais difícil para os membros da oposição esquecerem estas preocupações. Depois de se afastar de seus velhos aliados políticos de direita, Sharon poderá ter que enfrentar uma nova oposição, desta vez, de seus novos aliados na esquerda.




Fonte: BBC Brasil

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