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Nacional
Quinta - 28 de Outubro de 2004 às 04:15

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O cabo reformado do Exército José Alves Firmino reforçou hoje que existem documentos referentes ao período do regime militar (1964-1985) guardados em centros de inteligência das Forças Armadas. O cabo, que serviu como espião do Exército entre 1992 e 1995, disse ainda que o serviço de inteligência monitora movimentos sociais, como o estudantil e de organizações de sem-terra.

Segundo Firmino, grande parte dos documentos da época da ditadura militar estaria armazenada em um centro de inteligência militar em Brasília. "Tenho certeza que tanto em Brasília como em Goiânia havia vários documentos desse período todo, catalogados com capa dura. Eu tinha acesso a eles porque fazia parte do sistema de inteligência", afirmou o cabo durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados.

O ex-agente de inteligência das Forças Armadas foi quem entregou à comissão em 1997 arquivos contendo, entre outros itens, fotos de pessoas consideradas subversivas pelo regime.

Firmino voltou ao noticiário na semana passada quando o jornal Correio Braziliense exibiu fotografias desse arquivo como sendo do jornalista Vladimir Herzog, morto no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) em São Paulo em 1975.

Após requisitar perícia à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o governo negou que as imagens seriam do jornalista. A discussão em torno de quem seria o fotografado levou ao centro do governo o debate sobre a abertura dos arquivos do Exército, incluindo os da época da ditadura militar.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, é favorável à divulgação dos documentos e o ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos) afirmou que o governo tem disposição na abertura.

Movimentos sociais

O cabo afirmou que os serviços de inteligência mantêm a prática "desde o regime militar" de monitorar parlamentares de esquerda e organizações da sociedade civil classificadas como "forças adversas".

"Nos dias atuais, há uma preocupação dos meios de inteligência de fazer vigilância a alguns parlamentares e movimentos sociais tidos como forças adversas como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra)", disse Firmino.

Segundo seu relato à Comissão de Direitos Humanos, o cabo voltou a falar que se infiltrava como jornalista em assentamentos do MST, congressos da União Nacional dos Estudantes (UNE) e encontros do Partido dos Trabalhadores. Firmino admite, inclusive, ter monitorado os passos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na época em que disputou o Planalto pela segunda vez, em 1994.

O Comando do Exército afirmou que não iria comentar as declarações do cabo da reserva.




Fonte: Reuters

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