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Polícia Brasil
Quarta - 27 de Outubro de 2004 às 07:36
Por: Mária Angelica Oliveira

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O Ministério Público Estadual denunciou ontem na Justiça o major da PM Marcos Roberto Sovinski e o cabo Sebastião Gualberto Soares pelo assassinato do adolescente Yure Lourenço da Silva. Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado.

O Ministério Público Estadual também pediu a prisão preventiva dos dois, para que fiquem presos durante o andamento do processo. Eles estão presos temporariamente em Cuiabá desde o dia 27.

A denúncia foi protocolada no início da tarde de ontem no Fórum de Jaciara. Assinam a ação os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Mauro Zaque e Elisamara Vodonós, e os promotores de Jaciara Vinícius Gahyva e Cássia Vicente de Miranda.

Yure foi morto a tiros na noite do dia 4 de novembro de 2000 em uma praça em frente à rodoviária de Jaciara. Ele tinha 15 anos quando o crime aconteceu. Segundo a denúncia, o cabo teria levado o major de moto até o local do crime. Os dois estariam encapuzados e com capacetes. “O denunciado (...) estava incomodado pelos reiterados atos infracionais praticados pela vítima Yure e outros menores infratores, sendo certo que a vítima ainda desafiava a intervenção do denunciado e seus comandados”, explica a ação.

Os promotores chegaram à informação principalmente por meio do depoimento de duas testemunhas. Uma delas é um soldado lotado à época na 3ª Companhia da PM, da qual Sovinski era comandante. O soldado relata que ouviu o major falando que iria “empurrar” o adolescente. Posteriormente, ele teria recebido instruções para não sair com a viatura oficial e não perseguir nenhum motoqueiro naquela noite.

Além do soldado, o MP indicou uma pessoa que testemunhou o crime e outras seis pessoas. De acordo com o promotor de Jaciara, o adolescente tinha um histórico de atos infracionais e teria chegado a denunciar que recebia ameaças.

No texto da denúncia, os promotores criticam a morosidade das investigações policiais. “O inquérito policial não obteve êxito no esclarecimento da autoria delitiva, sendo certo que apenas vinte e seis dias após o crime é que se procedeu à oitiva de testemunha presencial. (...). O curso da investigação somente foi retomado quase seis meses após, quando o então delegado de polícia que presidia o procedimento ouviu outras duas pessoas”.

Sovinski responde a uma outra ação penal pelo assassinato do menor Washington dos Santos Ribeiro, crime ocorrido em julho de 2001 também em Jaciara. A reportagem tentou entrar em contato com o major no Batalhão de Trânsito, onde está preso. Os atendentes não puderam chamá-lo, tampouco informaram o nome do advogado que o defende. O coronel Joselito do Espírito Santo, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, será ouvido hoje na sindicância aberta pela corregedoria da PM para apurar as condições de escolta do major. Ele também poderá indicar outras pessoas para serem ouvidas.

O coronel era o responsável pela escolta de Sovinski a uma audiência no Fórum Criminal de Jaciara no início do mês. O Gaeco gravou imagens do oficial em frente ao fórum. De acordo com o promotor Mauro Zaque, ele não estaria em condições adequadas para um preso. “Estava sem guarda nem nada”, acusou o promotor.

O coronel Antônio Ribeiro de Morais, encarregado da sindicância, disse que somente depois do depoimento do coronel Joselito saberá se há necessidade de ir até Jaciara, onde foi feita a filmagem. O prazo para conclusão da sindicância é de 15 dias úteis, mas pode ser prorrogado por mais dez dias.




Fonte: Diário de Cuiabá

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