Condições do mercado para próxima safra preocupam orizicultores

O momento é de grande preocupação para o orizicultor brasileiro, principalmente para o gaúcho. Já com 23% da área plantada no Rio Grande do Sul, ainda é grande a incerteza em relação às condições de mercado para a próxima safra. O que realmente vem tirando o sono do produtor é que hoje, em plena entressafra, num período em que historicamente o arroz tem a sua maior valorização, os preços praticados pelo mercado não são suficientes para cobrir nem o custo de produção. As informações são do editorial do Arroz Brasileiro.

Repetindo o que já vem ocorrendo há vários anos, a entrada de arroz uruguaio e argentino é considerada a principal causa desta situação. Todo ano é a mesma história.

Pelo lado da indústria, que exerce a função de demanda no mercado do arroz em casca, é compreensível que haja a preferência pelo arroz importado, pois a redução dos gastos com matéria-prima é de fundamental importância para a manutenção de sua competitividade.

É verdade que a entrada desse arroz no mercado brasileiro derruba os preços internos, principalmente neste ano em que o Brasil tornou-se auto-suficiente, fazendo com que qualquer importação seja desnecessária. É verdade também que o arroz argentino e uruguaio têm vantagens competitivas em relação à produção nacional, principalmente com a incidência de uma menor carga tributária. Mas será que impedir a entrada do cereal importado resolve todos os problemas do setor? Com certeza não. O problema vai mais longe.

No momento, vários pontos devem ser considerados. Cabe ao governo criar condições que garantam a boa comercialização da próxima safra, independente das importações. Claro que, para isso, é importante que algum instrumento compense as distorções comerciais no Mercosul.

Neste sentido, a criação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz, no último dia 19 em Brasília, ocorre em boa hora. Caberá a ela concentrar esforços para solucionar os problemas enfrentados pelo setor orizícola.