Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Nacional
Quinta - 21 de Outubro de 2004 às 18:49

    Imprimir


O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, reconheceu na quinta-feira que as investigações e a discussão sobre o hoje extinto programa petróleo-por-comida no Iraque prejudicaram a instituição.

"Não há dúvida de que a constante campanha, assim como as discussões, atingiram a ONU. Não é algo que gostaríamos que tivesse ocorrido. Houve danos, sim", afirmou Annan. "E é por isso que queremos ir fundo e esclarecer isso o mais rápido possível", acrescentou.

Annan se reuniu com Paul Volcker, o ex-presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, indicado por ele para comandar uma comissão independente para investigar o programa de 67 bilhões de dólares, criado no fim de 1996 para permitir a entrada no Iraque de suprimentos civis, de modo a aliviar o impacto das sanções da ONU sobre a população.

Volcker e sua equipe pretendiam divulgar uma lista completa de empresas petrolíferas que negociaram com o Iraque até a invasão norte-americana, em março de 2003, além das empresas que venderam produtos ao Iraque. A lista conterá o montante de cada transação, não como prova de malversação, mas "em nome da transparência", disse o diplomata da ONU.

De acordo com um abrangente relatório elaborado por Charles Duelfer para a CIA (agência de inteligência dos EUA), o governo de Saddam Hussein faturou 2 bilhões de dólares com suborno e superfaturamento, em grande parte associados ao programa da ONU.

O modo mais fácil de o Iraque burlar as sanções, desde o início dos anos 1990, era com acordos diretos com outros governos, que chegavam a um total de 7,5 bilhões de dólares, disse Duelfer.

O programa da ONU permitia que o Iraque escolhesse as empresas que prestariam serviço ao país. Saddam usou esse poder para distribuir vales-petróleo que eram vendidos àqueles que o ajudassem a driblar as sanções.

Annan disse que não haverá imunidade diplomática para funcionários ou autoridades da ONU envolvidos em atividades ilegais. Entre os que receberam os vales iraquianos, segundo as listas do Iraque, estava Benon Sevan, um cipriota que chefiava o programa das Nações Unidas. Ele nega.

Annan foi questionado sobre informações da imprensa sobre supostas investigações norte-americanas, incluindo uma contra seu filho, Kojo, que trabalhou na Nigéria para uma empresa ligada ao programa.

"Li o mesmo tipo de coisa, mas não tenho nenhuma outra informação, e acho que é especulação", disse Annan.

Várias comissões do governo dos EUA estão investigando o escândalo, mas é provável que as autoridades da ONU não colaborem, já que tratam exclusivamente com a missão diplomática norte-americana e pelo fato de a ONU ser uma entidade internacional.




Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/370660/visualizar/